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Cientistas desenvolvem vacina que pode combater evolução do câncer de próstata

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Em todo o mundo, o câncer de próstata mata mais de 300 mil homens anualmente, o que representa 4% de todas as mortes causadas por câncer, segundo dados do Cancer Research Institute. E se esses números pudessem ser diminuídos?

Um estudo recente traz esperança para os pacientes da doença. O Norwegian Radium Hospital, em Oslo, desenvolveu uma vacina que estimula o sistema imunológico a parar o desenvolvimento a doença, em um tratamento conhecido como imunoterapia, e teve resultados positivos em 90% dos participantes.

Os testes foram iniciados em 2013, mas os resultados foram publicados agora no periódico científico Cancer Immunology, Immunitherapy. Os cientistas constataram que 77% dos pacientes que utilizaram a vacina tiveram a evolução do câncer interrompida e 45% tiveram o tumor reduzido. É um avanço na utilização da imunoterapia no tratamento do câncer, ainda que o estudo esteja na Fase 1.

O teste foi feito em 21 pacientes logo após terem sido diagnosticados com quadro de metástase. Após 9 meses de estudo, 17 participantes tinham uma condição clinicamente estável, ou seja, o câncer havia parado de evoluir.  Uma redução de proteína específica no sangue e que está ligada à doença foi constatada em 16 participantes, sendo que 10 deles tiveram o tumor reduzido.

O objetivo do estudo foi mapear os efeitos colaterais e calcular as dosagens corretas em um tratamento de Imunoterapia para o Câncer de Próstata. Os pacientes também passaram por tratamentos hormonais e de radioterapia.

Para mais informações, leia o artigo científico publicado: https://goo.gl/tAzjsM

O câncer de próstata e a imunoterapia

A imunoterapia tem sido uma alternativa promissora na mudança como o câncer de próstata é tratado e curado. No Brasil, esse tipo de tratamento só está liberado para cânceres de pulmão, cabeça e pescoço, e de rins.

Há mais de um século, o cirurgião nova-iorquino William Coley observou que os tumores que continham em si alguma infecção tendiam a regredir. As bactérias ou vírus presentes na região onde as células estavam se multiplicando desordenadamente alertavam o sistema imunológico, que até então não havia detectado a anomalia em curso. Os efeitos colaterais e a ausência de uma solução definitiva contra o câncer levaram ao retorno da ideia de estímulo ao sistema imunológico, que sempre permanecera latente, voltasse a ganhar força há alguns anos.

Os números da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) mostram que, até 2013, apenas 1% do estudos apresentados nos congressos da associação falavam sobre imunoterapia. Em 2016, o tema já era tratado em 25% dos trabalhos apresentados. Os cientistas têm acreditado ser possível que as nossas defesas barrem o avanço de muitos tumores antes mesmo de eles serem detectáveis.

Uma das vias de tratamento pela imunoterapia são as vacinas terapêuticas, utilizadas em pacientes que já contraíram a doença. O objetivo é alertar o sistema imunológico, que, por algum motivo, não se deu conta da existência do câncer, de que ele está ali. E isso é feito por meio da extração de células cancerígenas que são manipuladas a fim de que as defesas do corpo reajam diante do tumor.

Links com mais informações sobre a imunoterapia: https://goo.gl/gFR0nR

Evolução no tratamento do câncer de Próstata no Brasil

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo, sendo o mais prevalente no sexo masculino. É considerado um câncer da terceira idade e representa 28,6% dos tumores nos homens. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são, em média, 13 mil mortes anuais – uma a cada 40 segundos.

A imunoterapia ainda não está aprovada no Brasil para o tratamento desse tipo de câncer. O mais comum é o tratamento cirúrgico para o câncer de próstata, que consiste na retirada total do órgão. Existem três formas para a realização da prostatectomia: cirurgia convencional aberta, ou por laparoscopia, ou ainda com o uso de um robô (método mais avançado).

A cirurgia robótica representa hoje mais de 90 % dos tratamentos cirúrgicos de câncer de próstata realizados nos Estados Unidos. No Brasil, ela tem sido feita há 8 anos, e já é possível perceber os resultados superiores em relação ao método convencional.

“A cirurgia robótica foi um grande avanço para o tratamento cirúrgico do câncer de próstata, promovendo redução dos efeitos colaterais como disfunção erétil, incontinência urinária, infecção cirúrgica e transfusão sanguínea”, explica Fernando Leão, que é especialista no procedimento.

A técnica reduz, ainda, o tempo de internação hospitalar e o tempo de uso de sonda na bexiga no pós-operatório. No entanto, o médico alerta que a chance de cura está diretamente ligada ao momento em que foi feito o diagnóstico. Os sintomas mais comuns são sangue na urina e/ou esperma; dores ósseas (bacia e coluna principalmente) e algum grau de dificuldade para urinar.

Números do câncer de próstata

  • O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). É considerado um câncer da terceira idade e representa 28,6% dos tumores nos homens;
  • Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo, sendo o mais prevalente no sexo masculino;
  • Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são, em média, 13 mil mortes anuais – uma a cada 40 segundos;
  • Em todo o mundo, o câncer de próstata mata mais de 300 mil homens anualmente, o que representa 4% de todas as mortes causadas por câncer (Cancer Research Institute).

Fonte para a pauta: Fernando Franco Leão, urologista 

Urologista Fernando Franco Leão – Foto: Divulgação

É especialista em cirurgia robótica para tratamento do câncer de próstata. Além do Hospital Brasília, na capital federal, o especialista também opera nos hospitais 9 de Julho, Sírio-Libanês e Albert Einstein, em São Paulo. Leão é membro da Society of Robotic Surgery (SRS) e da American Urological Association (AUA), nos Estados Unidos, e também da Société Internationale D’Urologie (SIU), no Canadá.

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