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Coisa certa na hora errada

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E, aí, eu invento de começar um regime na primeira quinzena do último mês do ano.

Minha amiga, pessoa inteligente, começou a dela no mês passado e, a essa altura, já terminou.

Vou explicar a você: a dieta restritiva tem a duração de 30 dias, nos quais se deixa de comer tudo que é bom nessa vida.

Tudo que é bom, leiam-se massas, queijos, doces, pipoca, chocolate, queijo…

“Você já disse chocolate quando citou os doces.” Posso ouvi-lo dizer.

Mas não, para a minha, pessoa doce é doce, chocolate é chocolate.

Chocolate ocupa uma categoria suprema na esfera das delícias.

Doce é outra coisa que contenha açúcar sem ser a delícia suprema.

Então, a criatura que vos fala assume o compromisso consigo mesma de ficar 30 longos dias sem consumir algumas outras delícias e nada daquilo que enumerei acima.

Mas, entre o dia 05 de dezembro, dia do início da tortura, e o dia 05 de janeiro, dia da libertação, temos mil e uma festas e confraternizações.

O povo do qual faço parte tem mania de festa e toda festa tem comida.

Comida muita e muito boa.

E, cada dia que passa, surge um novo “talento supremo” no meu círculo de amigos.

Um cozinha melhor que o outro e eu, bem, eu também me aventuro a fazer algumas coisas, mas meus amigos, com mais anos de estrada, são sensacionais, espetaculares e engordativos.

Nessa época, então, aí que eles querem mostrar ao mundo todos os dotes que desenvolveram ao longo dos últimos 300 e tantos dias.

E, justo agora, a pessoa que come feito um esmeril o ano inteiro resolve fazer dieta.

E sabe que tenho me surpreendido?

Assim, as provas maiores ainda estão por vir: o encontro anual dos Reis, natal e réveillon.

Antes deles, tenho uma festa de criança em buffet infantil e as confraternizações que surgem a velocidade em que se forma um grupo no Watzapp.

Nesses primeiros 08 dias, eu só falo e penso em comida, e enquanto escrevo, meu sonho é mergulhar em uma bacia gigante de pipoca de sal misturada com pipoca doce, minha grande paixão.

Vou parar de me lamentar e, para acalmar meu coração, porque minha vontade de comer às vezes parece vir de lá, vou ali fazer uma sopinha, que é o que eu como atualmente.

Depois, vou a uma confraternização na minha pizzaria preferida, levando na bolsa um saco de castanhas e uma garrafinha de suco verde.

Vivi Antunes é ajuntadora de letrinhas e assim o faz às segundas, quartas e sextas no www.viviantunes.wordpress.com

 

 

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744