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Com desempenho notável, escolas do SESI deveriam servir de exemplo para rede pública

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Por João Paulo Machado

O desempenho das escolas da rede SESI supera o alcançado pela média das escolas privadas no quinto ano do ensino fundamental, mesmo levando em conta a escolaridade da mãe e outros fatores, como as condições socioeconômicas dos alunos. A avaliação é de Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa, o Insper.

Naercio Menezes coordenou um estudo sobre o “desempenho da Rede SESI e das demais redes de ensino”. A pesquisa procurou entender quais fatores contribuíram para que os alunos da instituição alcançassem as melhores notas da Prova Brasil.

De acordo com Naercio, o estudo, realizado em 2017, identificou que “comparando os alunos com mães com a mesma escolaridade, as escolas da rede SESI têm o desempenho superior às demais escolas privadas no ensino fundamental”.

Os resultados mostram que no 5º ano os alunos das escolas SESI têm, em média, notas maiores que os das demais escolas públicas e privadas do Brasil e parecidas com as notas das escolas públicas federais, tanto em Língua Portuguesa como em Matemática. No 9º ano, os alunos das escolas do SESI têm, em média, notas superiores aos alunos das redes municipal, estadual e privada, mas um pouco abaixo dos alunos das escolas públicas federais.

Segundo Naercio, “isso é um exemplo do chamado ‘efeito escola’, ou seja, a gestão e outros fatores, tais como a qualidade do professor, estão fazendo a diferença nas escolas do SESI”.

Diante do resultado, o especialista do Insper acredita que as escolas da rede SESI podem servir de modelo para as instituições da rede pública, na implementação de um sistema de educação de qualidade.

“Seria importante para a sociedade se o SESI conseguisse transferir a tecnologia de gestão aplicada nas escolas que são bem-sucedidas para a rede pública, que atende muito mais alunos em todo o país”, afirma o especialista que complementa. “O que mais precisamos no Brasil é melhorar o aprendizado dos nossos alunos. Temos uma parcela muito grande dos estudantes que não sabem ler nem escrever mesmo no terceiro ano e que chegam no Ensino Médio com conhecimento muito ruim em Matemática. Então, se pudermos aprender com as experiências exitosas e utilizá-las nas escolas públicas será muito importante e positivo”, analisa.

Corte de recursos

Mesmo com a boa avaliação, o ensino oferecido pelo SESI pode estar, em parte, ameaçado. O governo federal tem sinalizado, desde o período de transição, no ano passado, que irá executar cortes de 30% a 50% nas verbas repassadas a instituições do sistema S, do qual faz parte o SESI. Para especialistas, a decisão pode provocar graves consequências para a educação técnica e, até mesmo, para serviços de saúde prestados à população brasileira.

Ao todo, o Serviço Social da Indústria (SESI), tem uma rede de escolas de que beneficia 1,2 milhão de jovens com educação básica, principalmente de famílias de trabalhadores da indústria. Além disso, oferece prestação de serviços de saúde que inclui desde a oferta gratuita de vacinas e exames de mamografia para trabalhadoras. Um corte nos recursos deste sistema pode acarretar na falta de atendimento para 1,2 milhão de pessoas, que teriam que buscar os serviços na rede pública ou custeá-los na rede particular, segundo informações do próprio SESI.

Foto: Reprodução

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745