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“Então quer dizer que você quer que eu o ataque?”

– Pois é, que você o ataque, mas de leve.

“Você sabe mesmo o que significa um leve ataque feito por mim?”

– Acho que sei Sr. Infarto. Um leve ataque feito pelo senhor dá um susto tremendo em quem o leva e, depois, a vida segue normalzinha, apenas com algumas mudanças radicais.

“Garota, você não entende nada quando o assunto é a minha pessoa. Eu não vou atacá-lo só por que você quer. Não! Nunca!”

– Posso até não compreender o que faz de verdade, apenas sei que o coração que o tem continua funcionando com as outras partes que não foram pelo senhor lesionadas. E sei também das consequências que traz à vida de quem passa pela experiência e se salva. Vai por mim, Ele está precisando.

“Ele está precisando por quê?”

– Ele precisa do sustinho, do medo da morte. Mas, por favor, nada mais que isso.

“E por que você veio até mim fazer essa petição? Não gosta do moço?”

– Aonde??? Eu o amo! Mas Ele não cuida da saúde. Não faz exercícios, come todo tipo de porcaria, nunca vai ao médico fazer os exames de controle, fuma feito uma caipora.

Além de ter uma vida toda desgrenhada: desorganizado, empurra tudo com a barriga, deve até o que não tem e não dá a menor atenção à família.

“E o que te faz acreditar que um ataque meu o faria mudar de rumo?”

– Li, dia desses, a história de um senhor de 80 anos que teve um encontro com a sua pessoa aos 40. Ficou tão assustado que radicalizou: parou de fumar, passou a fazer exercícios, cuidar da alimentação, relacionar-se direito com sua família e, 40 anos depois, estava o maior gato, todo feliz e satisfeito. Tudo porque, um dia, ficou com medo de ter o coração arrasado pela sua pessoa. Entendeu agora o meu apelo?

“Entendi. Vou dar uma olhada no moço.”

– No começo da semana tive uma conversa séria com Ele, sobre todas essas mudanças que é preciso ter para uma vida mais saudável. Então, espera aí umas quatro semanas. Caso não mude nada, o senhor entre em ação. Mas por favor, de leve!

“Pode deixar.”

Olha aí, combinei com o Sr. Infarto, caso você não tome um rumo em quatro semanas…

Não esqueça que eu te amo.

Beijos.

 

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744