Da Redação*
Uma denúncia de suposto abuso de autoridade por parte de policiais militares da 30ª Companhia Independente de Polícia Militar de Santa Maria da Vitória que trabalhavam em uma Blitz no último dia 22 de junho, durante os festejos de São João, em São Felix do Coribe, ganhou grande repercussão entre a população e autoridades locais, após testemunhas da ocorrência divulgarem vídeos nas redes sociais. A denúncia partiu da comerciante Ana Louza Rodrigues Martins, de 42 anos, que alega ter sido levada à força e algemada pelos agentes após uma tentativa de filmar parte da operação policial com o telefone móvel celular.
No Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Territorial de Santa Maria da Vitória no mesmo dia do episódio, o qual o JS teve acesso, Ana Louza Rodrigues Martins alegou que estava na porta da sua residência, que também é o seu local de trabalho, quando acontecia a operação policial, e, em determinado momento, um ex-funcionário da sua empresa foi parado na Blitz. Ainda de acordo relatou a comerciante para a polícia, ela começou a filmar a situação com o aparelho móvel celular e o Comandante da guarnição, Ten PM Wudson Sullivan A. dos Santos, aproximou-se dela já tirando o aparelho da sua mão, usando de força ao puxá-la pelo braço e afirmando que ela iria ser presa.
Ao recusar-se ser levada, alegando que estava trabalhando e que precisaria pelo menos fazer uma ligação para o filho, a comerciante afirmou que outros dois policiais conduziram-na ao camburão da viatura policial, e, devido a sua resistência em entrar, os agentes resolveram colocá-la no banco de trás do veículo. No Boletim, Ana Louza Rodrigues Martins registrou ainda que sentia dores e que seus os braços estavam lesionados devido à agressividade dos policiais durante a ocorrência, além de assinalar que haviam várias testemunhas no local.
Procurado pela reportagem do JS, o Comandante da 30ª Companhia Independente de Polícia Militar de Santa Maria da Vitória, Major PM Geraldo França de Santana, defendeu os policiais militares envolvidos na ocorrência da acusação de prática de suposto ato de abuso de autoridade.
O Major PM Geraldo França de Santana confirma que a abordagem dos policiais realmente aconteceu quando Ana Louza Rodrigues Martins estava filmando o momento em que a guarnição interpelava, durante a Blitz, um rapaz que dirigia embriagado, que, segundo foi apurado, se tratava de um ex-funcionário da comerciante. Contudo, conforme afirmou o Comandante da 30ª Companhia Independente de Polícia Militar de Santa Maria da Vitória, a abordagem não foi realizada por conta da filmagem da operação policial, mas com o intuito de que a comerciante apresentasse o vídeo que fez à Delegacia, que constaria como prova da prisão em flagrante do seu ex-funcionário: “Ela fez a filmagem e até aí não tem problema nenhum, filmagem não traz nenhum problema para a operação policial militar. Pelo contrário, ela serve de prova de como está atuando o policial militar. O que acontece é que ela foi requisitada para que levasse as provas para a Delegacia, aquilo era prova de que a pessoa estava dirigindo embriagada”.
Ainda de acordo com o Major PM Geraldo França de Santana, os policiais envolvidos na ocorrência relataram que, ao se negar a se apresentar à Delegacia, a comerciante teria destratado os agentes e, por isso, foi decretada a sua voz de prisão. “O procedimento inicial foi correto. Condução das partes envolvidas à Delegacia e a Delegacia expediu um Guia de Lesão Corporal”, afirmou.
Defendendo o trabalho realizado pela 30ª Companhia Independente de Polícia Militar de Santa Maria da Vitória, o Major PM Geraldo França de Santana ressaltou que o caso não pode invisibilizar os resultados positivos de redução da criminalidade na região, os quais seriam impossíveis de serem alcançados sem os esforços dos policiais militares que integram a Companhia: “Se você parar hoje para conversar não só com os prefeitos, mas com os comerciantes de uma maneira geral, vai ver que a gente praticamente zerou furtos de celulares, assaltos a lojas”, pondera.
Por fim, o Comandante da 30ª Companhia Independente de Polícia Militar de Santa Maria da Vitória assegurou que o caso está sendo acompanhando de perto e está sendo apurado se houve algum excesso por parte dos policiais envolvidos na ocorrência: “A gente não está aqui passando a mão na cabeça de ninguém. Pelo contrário, a gente quer que seja esclarecido. A gente está apurando, a Polícia Civil está fazendo a parte dela e, se houver necessidade, a Polícia Militar também fará a sua parte, em termos de uma apuração administrativa”.
Confira o vídeo, publicado pelo veículo Notícias da Lapa e registrado por uma das testemunhas que estavam presentes no momento da ocorrência:
Prefeito de Bom Jesus da Lapa se manifesta sobre o caso e pede providências da Polícia Militar e órgãos competentes
Em vídeo divulgado em sua página oficial no Facebook, o prefeito de Bom Jesus da Lapa e presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro Pereira (PSD) repudiou a situação ocorrida em São Félix do Coribe, município localizado a 89 km de Bom Jesus da Lapa, alegando ter se tratado, sim, de um caso de abuso de autoridade por parte dos policiais da 30ª Companhia Independente de Polícia Militar de Santa Maria da Vitória, responsáveis pela voz de prisão de Ana Louza Rodrigues Martins, no dia 22 de junho, quando a comerciante tentava filmar uma blitz policial. Nos comentários da publicação no Facebook, que pode ser conferida aqui, a população se manifesta apoiando o posicionamento do prefeito Eures Ribeiro e condenando a atuação da Polícia Militar na ocorrência.
Sem deixar de parabenizar o trabalho realizado pela Polícia Militar durante os festejos juninos na região Oeste e em todo o Estado e afirmando que esse fato isolado ocorrido em São Félix do Coribe não tira o mérito dos esforços policiais na região, Eures Ribeiro disse que o caso merece a atenção de todos por se tratar de “abuso contra uma cidadã, uma mulher, uma senhora de respeito, de família”. O presidente da UPB e prefeito de Bom Jesus da Lapa pediu aos cidadãos que se manifestem e repudiem o caso: “Dona Ana é uma mãe de família, podia ser sua mãe, podia ser sua irmã, podia ser alguém da sua família, que fosse vítima de um abuso como esse. A pessoa colocada numa viatura à força, simplesmente porque filmou uma Blitz da Polícia Militar”.
Eures Ribeiro Pereira cobra do Comando da Polícia Militar, da ouvidoria da Polícia Militar e do Conselho de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia providências para que o caso seja apurado, esclarecido e sejam punidos os responsáveis, caso comprovada a prática de abuso de autoridade.
Confira o vídeo na íntegra publicado na página oficial no Facebook do prefeito Eures Ribeiro: