Por Expressão Bahia
Em manifestação de pesar pela tragédia que matou 24 pessoas na BR-324, em São José do Jacuípe, no interior da Bahia, comerciantes de Jacobina, cidade onde 21 vítimas moravam, fecharam as portas na segunda-feira (8).
Nesta terça (9), dia em que as vítimas da cidade estão sendo enterradas, muitos pontos comerciais seguiram com funcionamento suspenso.
A tragédia ocorreu com a batida frontal entre um ônibus de passeio e um caminhão que transportava manga. O coletivo voltava da praia de Guarajuba, na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, para Jacobina. Já o veículo de carga saiu de Juazeiro, no norte do estado, com destino à Feira de Santana.
Os veículos bateram por volta de 23h30 de domingo (7), no km 381 da rodovia federal.
Enquanto a Polícia Civil investiga as causas do acidente, a população tenta lidar com a dor. Familiares, vizinhos e amigos das vítimas não esconderam a tristeza com a morte repentina de 21 conterrâneos.“Foi você sair e achar que é domingo em uma segunda-feira. Todo mundo muito triste mesmo. Nunca abalou tanto a cidade”, ressaltou a administradora Clea Adele, em entrevista ao g1.
A avaliação foi a mesma de Janilson Mendes. “Era um pessoal trabalhador, batalhador para caramba. Hoje a cidade inteira está de luto. Quando vemos pessoas próximas, conhecidas, a gente fica sem palavras”.
Tanto Clea quanto Janilson se juntaram aos amigos para irem ao velório coletivo organizado pela prefeitura de Jacobina. Eles foram se despedir de Edimilson Alencar dos Santos, de 48 anos, supervisor de uma mineradora, e da esposa dele, Amarílis Lima Grassi Santos, de 44, que trabalhava como professora.
O casal estava no passeio com as filhas Sabrina Grassi Alencar Santos, 17, e Maysa. A última foi a única da família que sobreviveu.
Os corpos dos outros três foram sepultados no fim da manhã desta terça-feira, no Cemitério Municipal Jardim da Saudade.
Na ocasião, colegas de Amarília, como a servidora pública Kelly Monique, destacaram o papel dela como educadora e vizinha.
“Era uma excelente professora, eram meus vizinhos e eu tenho um sentimento de tristeza muito grande de perder pessoas tão queridas e tão amadas”, declarou.
Colegas da época de escola também fizeram questão de elogiar a professora. Clea Adele, que estudou com a vítima quando as duas eram crianças, disse lembrar da professora como uma pessoa “alegre e prestativa”.“Ela estava ali pra lhe acolher, lhe ajudar, sempre tinha muita amizade por ser uma pessoa tranquila”.
O clima no enterro, com familiares mais próximos muito abalados, mostrou o quanto a família era querida.
Até o fim desta terça-feira, outros sepultamentos devem ser realizados na cidade. A expectativa é que, ao final do dia, todo o comércio seja restabelecido.
Além disso, a cidade segue em luto oficial pelos próximos cinco dias, como decretado pela gestão municipal.
Ao g1, o prefeito Tiago Dias (PCdoB) afirmou que a gestão municipal segue focada em garantir assistência social e de saúde aos familiares das vítimas e aos sobreviventes.“Nós vamos fazer uma força-tarefa no acompanhamento das famílias, pois são sequelas que foram abertas e algumas nunca se fecharão”, lamentou.
O prefeito diz ter perdido amigos que estudaram com ele e pessoas com quem tinha contato no dia a dia.
Segundo a assessoria da prefeitura, uma das vítimas é a servidora municipal Ana Paula Gomes Gonçalves Cerqueira, de 53 anos. Ela atuava como agente de saúde na cidade.
Tragédia com 24 mortes
O acidente aconteceu na noite de domingo (7), na BR-324, em trecho da cidade de São José do Jacuípe.
Inicialmente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que 25 pessoas morreram no acidente. Porém, depois a PRF e o Instituto Médico Legal (IML) confirmaram 24 mortes. Dos mortos, três estavam no caminhão e o restante no ônibus.
A maioria das vítimas morava na cidade de Jacobina, no norte da Bahia. O grupo que estava no ônibus voltava de um passeio na praia de Guarajuba, no litoral norte, quando houve o acidente.
Já as pessoas que estavam no caminhão saíram da cidade de Juazeiro e tinham como destino Feira de Santana, a 100 km de Salvador, onde fariam o descarregamento do caminhão, que levava mangas. Ainda não há informações sobre o que causou a batida.