O número de indígenas mortos por Covid-19 aumentou em 550%, de acordo com o Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena. De 30 de abril a 1° de junho, houve um salto de 28 para 182 óbitos. A estimativa de contaminados se aproxima de 2 mil em todo país.
Por Comunicação/APIB-Articulação dos Povos Indígenas
O Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena divulgou, na última terça (2), o Boletim Semanal com os dados mais recentes sobre o avanço do novo coronavírus entre povos indígenas no Brasil. De acordo com o Comitê, houve um aumento de 550% nos óbitos entre o final de abril e o começo de junho – de 28 para 182 óbitos registrados. Por causa da baixa testagem não é possível ter certeza sobre o número de contaminados por Covid-19, a estimativa de indígenas infectados é de 1.868.
A Covid-19 atingiu 78 povos em 20 estados até o momento, os povos da região amazônica são os mais castigados. A letalidade entre os povos indígenas é de 9,7%, enquanto da população em geral é de 5,7%. “Os números mostram a realidade que acompanhamos diariamente, nós somos os mais atingidos por esse vírus. São muitos fatores que nos colocam em risco, mas a negligência do governo é a que mais pesa em nossa sobrevivência.”, destaca Sônia Guajajara, diretora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib.
O Comitê pela Vida e Memória Indígena, composto por organizações de base do movimento indígena, ativistas e pesquisadores, lança duas novas iniciativas nesta semana: um relatório de violação de direitos dos povos indígenas durante a pandemia e o Memorial da Vida Indígena (espaço destinado a homenagear indígenas falecidos pelo novo coronavírus), ambas iniciativas recebem contribuições por meio dos canais da Apib e podem ser enviados relatos em qualquer formato (texto, áudio, vídeo ou fotos).
Enquanto o objetivo do relatório é instrumentalizar denúncias e ações legais nacional e internacionalmente para que os direitos dos povos originários sejam respeitados, o Memorial é pensado para acolher a vida das vítimas indígenas da Covid-19, não como um registro do óbito, mas reiterando a ancestralidade que habita em cada um e que não será esquecida.