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“Como ganhar uma eleição”

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Este poderia ser o título de alguma palestra, ou “live” de algum marqueteiro, ou publicitário, afinal, as eleições estão se aproximando.

Mas não, amigo (a) leitor (a). Trata-se de um livro, escrito em 64 a. C., na Roma Antiga, pelo general e político romano Quintus Tullius Cícero, sob a forma de conselhos práticos, ao seu irmão, Marcus Tullius Cícero, o maior orador romano, que, à época, candidatava-se ao cargo de Cônsul, maior posto político da Roma Antiga.

Apesar de escrito há 2.084 anos, o Livro em comento é de uma atualidade sem termos! Uma das razões pelas quais gosto dos clássicos, é que são atemporais.

Dos 58 conselhos que dá ao seu irmão, reproduzirei aqui alguns deles; os de número 4, 25, 26, 31, 39, 42 e 48.

4: “[…] Agora é a hora de cobrar todo tipo de favor. Não perca a oportunidade de lembrar a todos que lhe devem algo que precisam retribuir apoiando você. Àqueles que não lhe devem nada, faça-os saber que a ajuda deles no momento certo fará com que você lhes deva algo. […]”

25: “[…] as amizades que você fizer durante a campanha também podem ser muito úteis. […] Isso é perfeitamente respeitável durante uma campanha — na verdade, você seria considerado um trouxa se não tirasse proveito disso —, de forma que você pode cultivar com ânimo e sem vergonha amizades com indivíduos com quem nenhuma pessoa decente falaria”.

26: “Eu lhe garanto que não existe ninguém, exceto talvez partidários ardorosos dos seus adversários, que não possa ser trazido para o seu lado com trabalho árduo e favores apropriados”.

31: “[…] Habitantes de pequenas cidades e da área rural vão querer ser seus amigos se você se der ao trabalho de aprender seus nomes. Mas eles não são tontos: só o apoiarão se acreditarem que tem algo a ganhar”.

39: “Já que tenho escrito tanto sobre o tema da amizade, acho que agora é a hora de fazer uma advertência. A política é cheia de engodo, trapaça e traição. […]”.

42: “[….] Veja, meu irmão, você tem muitas qualidades maravilhosas, mas precisa adquirir as que lhe faltam de maneira a parecer que elas lhe são inatas. Você tem excelentes modos e é sempre cortês, mas as vezes é um pouco travado. Portanto, precisa desesperadamente aprender a arte da bajulação — um negócio detestável na vida normal, mas essencial quando se é candidato a um cargo público. […] pois um candidato deve ser um camaleão, que se adapta a cada pessoa que encontra, mudando sua expressão e discurso conforme necessário”.

48: “Se você quebrar uma promessa, o resultado será incerto; e o número de pessoas afetado, pequeno. Mas se você se recusar a fazer uma promessa, o resultado é certo e gera rancor imediato num grande número de eleitores”.

O resultado dos conselhos? Marcus Tullius Cícero foi eleito Cônsul.

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