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Comunicação entre máquinas: novo jeito de montar carros

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Por Sara Rodrigues/Agência do Rádio Mais

 

O modelo de produção industrial em todo mundo está se adaptando a uma nova era tecnológica: a chamada Indústria 4.0. O termo faz referência a uma quarta revolução industrial e trata dos novos jeitos de pensar os processos de produção nas indústrias. É o caso, por exemplo, de uma empresa de São Paulo que fabrica motores de automóveis de um modo bem diferente das produções tradicionais.

Normalmente, as montadoras de carros produzem automóveis em série e os colocam em estoque para venda. Mas atualmente, outras concessionárias já vendem de forma diferente. Agora é possível comprar um carro e, só depois, fabricar o motor com as características escolhidas no momento da compra.

O supervisor de automação da empresa responsável pela fabricação das máquinas, Marcelo Olivio, explica que as tecnologias habilitadoras têm sido essenciais no momento de contribuir para o crescimento da indústria automobilística.

“A indústria 4.0 para nós, aqui hoje, está entrando na parte de diagnóstico inteligente das máquinas. Que as máquinas conseguem dar alguns diagnósticos e também elas mesmas, alguns problemas tentam solucionar”, conta Marcelo.

A tecnologia específica que possibilita esse tipo de fabricação é chamada “Sistema de Conexão Máquina-Máquina” (M2M). O engenheiro em controle de automação Elias Neto explica que esse tipo de sistema funciona quando uma empresa fabrica duas ou mais máquinas com as mesmas, ou diferentes, funções e, então, por meio de sinais elétricos, elas podem se comunicar.

“Os sistemas de conexão máquina-máquina são sistemas que trocam informação entre si, de máquina para máquina. Eles são compostos por sistemas de transmissão e recepção de dados, em que as máquinas trabalham falando a mesma língua”, explica o engenheiro.

No caso da empresa em que Marcelo Olivio trabalha, enquanto uma máquina recebe a informação da venda do carro e quais são as características que o motor deve ter, outra máquina já está produzindo as peças necessárias para que o automóvel funcione.

 

Digitalização da Economia

Nesse contexto de inovações tecnológicas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou o estudo “Indústria 4.0 e Digitalização da Economia” em uma série de propostas que foram entregues aos presidenciáveis neste ano. O estudo considera que tecnologias como o M2M são caracterizadas pela integração e controle de produção de empresas, com base nos sensores e equipamentos conectados em rede e na relação entre os mundos real e virtual.

O gerente executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves, entende que o avanço rápido da dessa nova era da indústria é uma necessidade para o desenvolvimento brasileiro.

“A gente precisa tratar, obviamente, das questões sistêmicas do custo Brasil, mas precisa avançar também nessa direção. A gente fez um estudo que mostra que um conjunto grande de setores da indústria brasileira tem desafios de competitividade muito grande, quando comparados aos mesmos setores dos nossos principais competidores”, explica João Emílio Gonçalves.

 

Qualificação e preparo

Com a necessidade de preparar as empresas e inseri-las no contexto da Indústria 4.0, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), passou a oferecer consultorias por meio do programa Brasil Mais Produtivo (B+P). O programa já atendeu três mil empresas em todas as regiões do país.

Dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) mostram que as empresas que participaram do programa, em 2017, alcançaram aumento de 52% de produtividade nas linhas de produção. O objetivo, nesta nova etapa, é atender 600 empresas entre 2018 e 2019.

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