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Comunidade LGBTQIAP+ ainda encontra discriminação no ambiente de trabalho; entenda o papel da empresa nessa luta coletiva 

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8% dos cargos de liderança são ocupados por pessoas autodeclaradas LGBTQIAP+; quatro em cada dez já foram discriminadas no emprego

Por: Noar Comunicação

O mês do orgulho LGBTQIAP+ é uma importante temporada para falar sobre todos os direitos da comunidade e debater suas dificuldades, além de incentivar as ações afirmativas e de políticas públicas que a beneficiem e garantam equidade em todos os âmbitos, desde o lar até o lazer e o emprego. Isso porque o ambiente de trabalho no Brasil ainda não é tão acolhedor quanto deveria ser: quatro em cada dez pessoas que se autodeclararam LGBTQIAP+ afirmaram que já sofreram discriminações no trabalho, segundo uma pesquisa realizada pelo LinkedIn.

Apesar da importância do mês de visibilidade, os números mostram que o debate não pode parar, nem ficar preso à data. Outra pesquisa, da consultoria global Great Place to Work (GPTW), aponta que apenas 8% dos cargos de liderança eram ocupados por pessoas autodeclaradas LGBTQIAP+, ilustrando como o crescimento da comunidade no mundo corporativo se encaminha de forma lenta.  

“As companhias devem tomar para si a liderança interna nessa luta, que é coletiva. É preciso entender e reconhecer a importância e a total capacidade e competência de todes nos cargos, oferecer capacitação, compreender as suas questões e necessidades e oferecer apoio. Só assim elas chegarão cada vez mais longe e o ambiente de trabalho vai ficar mais inclusivo”, diz Wander Luiz de Camargo Filho, gerente de design organizacional da Up Brasil, empresa especialista em benefícios corporativos.

Afinal, como as empresas podem ajudar a causa?

A recomendação do time de RH da Up é que as empresas, primeiro, busquem captar os principais desafios deste público. Para que a atuação interna seja realmente eficaz, o ideal é abrir uma roda de conversas com os funcionários que se autodeclaram LGBTQIAP+, escutar as suas questões e necessidades antes de agir. “O discurso não pode ser vazio, sem embasamento ou conhecimento robusto. Estamos falando da sobrevivência e do bem-estar das pessoas”, continua Wander.

A comunicação interna é um meio importante nesta etapa de repassar a relevância da comunidade e o respeito à diversidade. Wander Luiz usa a Up como exemplo. “Queremos fomentar o debate e manter o tema em alta, reforçando nosso compromisso em ser uma empresa em que há representatividade, no qual as pessoas são bem-vindas em todas as suas especialidades. Para isso, criamos a Up Diversidade, uma cartilha que foi distribuída a todos os colaboradores. Os embaixadores deste projeto promovem grupos de afinidades para apoiar o programa e debater planos de ação. Mas este é só um passo. Sabemos que a caminhada para uma empresa cada vez mais inclusiva precisa da participação de todos”, finaliza o gerente organizacional da empresa de benefícios corporativos. 

A conscientização e intencionalidade por parte da empresa, da liderança  e de outros funcionários é outro ponto fundamental neste processo. Para Gabriel Romão, TEDx Speaker e co-Diretor Executivo da TODXS, organização sem fins lucrativos que promove a inclusão de pessoas LGBTQIAP+ na sociedade por meio da formação de lideranças, pesquisa, conscientização e projetos de impacto social, todos são responsáveis por promover um ambiente mais inclusivo.

“Apesar de notar uma evolução e melhor adequação da sociedade, do discurso, narrativa e dos ambientes para existência e sobrevivência de pessoas LGBTQIAP+, ainda existe um choque muito grande de conservadorismo, que acaba atrasando o progresso que precisamos. Então, é preciso que a empresa, liderança e pessoas aliadas atuem de forma intencional para que seja possível promover uma mudança estrutural dentro e fora das empresas”, comenta Gabriel. 

O executivo é uma das poucas pessoas trans no mundo que conseguiram alcançar um cargo de liderança executiva no mercado de trabalho. Mas, relata que até chegar nessa posição enfrentou muitos desafios, principalmente por ser negro e LGBTQIAP+. Inclusive precisou esperar 30 anos para começar o seu processo de transição, a fim de garantir que não tivesse portas fechadas após assumir sua identidade de gênero. Hoje, tem a missão de contribuir na construção de uma sociedade onde as pessoas não precisem esperar 30 anos para ser quem elas são.

Foto de Capa: Freepik

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