Índice acomodou em março em patamar de moderado pessimismo, nas médias móveis trimestrais, o índice caiu 0,3 ponto. A estabilidade foi resultado de variações opostas dos dois componentes do índice, que é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV)
Por: Janine Gaspar/Brasil 61
O Índice de Confiança da Construção (ICST), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), manteve em março os 94,4 pontos, patamar de moderado pessimismo. A estabilidade do ICST foi resultado das variações opostas dos dois componentes que o integram. Em médias móveis trimestrais, o índice caiu 0,3 ponto.
O economista Felipe Queiroz explica que os agentes de mercado estão moderadamente receosos em relação às perspectivas do setor, e enumera as razões: “Primeiro nós temos um cenário externo adverso, altas de juros no mundo inteiro, uma tendência de desaceleração mais acentuada da economia global, e no cenário doméstico, que é o que mais influencia o indicador, nós temos uma taxa de juros elevadíssima”.
Interferência dos juros
O especialista também ressalta que a taxa de juros no país é uma das maiores taxas reais de juros do mundo, e isso impede alguns investimentos e o processo de contratação de crédito das famílias, porque encarece muito crédito e diminui a oferta. Outro ponto lembrado pelo economista é a dificuldade de encontrar mão-de-obra qualificada. Segundo Queiroz, esses fatores têm um impacto direto sobre a confiança no setor.
A interferência dos juros no Índice também foi apontada pelo economista Carlos Eduardo Oliveira Júnior, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo como um fator determinante: “As taxas de juros elevadíssimas inibem o investimento, e um investimento menor faz com que a confiança pare de subir. Como ocorre nesse caso, o Índice de Confiança da Construção Civil, algo que depende muito da questão dos juros, quando os juros estão muito elevados faz com que a demanda caia”. Segundo Oliveira Júnior, o mercado aguarda medidas para a retomada da confiança e do investimento na construção civil.
“A perspectiva é de melhora com o retorno do PAC, principal para construção civil de moradias, seja para pessoas de baixa e de média renda, e também estamos na expectativa de redução de juros, isso vai fazer com que o setor se fortaleça”, explicou o economista.
Índices do ICST
A estabilidade do índice resulta das variações opostos dos dois componentes do índice. O Índice de Situação Atual do Índice de Confiança da Construção (ISA-CST) subiu 0,3 ponto e foi para 93,7 pontos, após quatro meses seguidos de queda. A alta deste indicador se deve exclusivamente à melhora na percepção dos empresários sobre a situação atual dos negócios, que aumentou 0,5 ponto, para 92,2 pontos. O indicador de carteira de contratos ficou estável ao variar -0,1 ponto para 95,2 pontos, menor nível desde março do ano passado.
O Índice de Expectativas (IE-CST) cedeu 0,3 ponto, para 95,3 pontos, mantendo-se relativamente estável após alta registrada no mês anterior. A queda deste índice foi influenciada pelo indicador de tendência de negócios para os próximos meses, que caiu 1,4 ponto e foi para 92,3 pontos. Já o indicador de demanda prevista aumentou 0,9 ponto, chegando a 98,3 pontos.
Foto de capa: Tânia Rêgo/Agência Brasil