redacao@jornaldosudoeste.com

Crise hídrica acende sinal de alerta no campo

Publicado em

WhatsApp
Facebook
Copiar Link
URL copiada com sucesso!

Com falta de chuva e reajuste de 52% na tarifa elétrica, produtores precisam ter atenção especial com o manejo de irrigação e se atentarem a importância de ter uma reserva de água para não pôr lavoura em risco

 

Por Kassiana Bonissoni/ Ascom

 

Muitos estados brasileiros têm enfrentando umas das mais severas estiagens dos últimos anos. Com níveis de chuva baixíssimos, e uma grande crise hídrica que se instala, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou recentemente que o valor da tarifa da bandeira vermelha 2 será reajustado em 52% até novembro, passando de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh)

Como os agricultores não estão isentos a essa cobrança, o impacto será grande no campo, afinal boa parte das commodities já estão com preço de venda negociados. A saída então para tentar minimizar o impacto dessa crise hídrica é focar na redução de custos das fazendas. Diante deste cenário, mais do que nunca se faz necessário pensar na gestão da irrigação por aspersão nas lavouras. “As perdas de produtividade por um estresse hídrico são dramáticas sendo parciais ou totais e com certeza são muito maiores do que o custo de energia adicional com a bandeira vermelha. A conta sempre é mais favorável a irrigação”, diz Cristiano Trevizam, diretor de vendas da multinacional Lindsay.

Mais do que nunca é o momento ideal para os produtores que ainda não fazem gestão da irrigação, seja por pivô central ou lateral móvel, começarem a pensar, pois a cada ano o clima mostra-se mais imprevisível. Para isso, o planejamento é fundamental. Por exemplo, o primeiro passo para se obter um bom sistema de irrigação, é possuir um plano eficiente e personalizado para cada realidade.

Uma das inúmeras vantagens é que o projeto é desenvolvido de acordo com a realidade de cada fazenda, ou seja, por mais que tenha componentes como o próprio pivô que têm um padrão de estrutura, a parte de bombas, sistema de painel eletrônico, aspersores, é construído conforme as condições e necessidades locais.  Ele pode ser um pivô de 360º graus ou só um pivô parcial, lateral móvel, ou outros. “É um equipamento 100% customizável, isso vai desde como será a captação de água até o armazenamento do recurso natural. Como no Brasil chove muito, mas não de maneira muito bem distribuída, é preciso pensar em formas de utilizar a água de forma eficiente durante o ano”, destaca Trevizam.

Armazenagem da água

Em um projeto de irrigação pensar na armazenagem da água é muito importante, principalmente em regiões onde a manancial ou o lençol freático possuam alguma limitação ou também em situações onde o rio no qual será feita a captação é mais suscetível a estiagem ou a seca. Nessas condições aparece a necessidade do reservatório. Independentemente de estar irrigando ou não, ele servirá como um “pulmão” para a irrigação, ou seja, e

De acordo com Bernardo Norenberg, engenheiro de aplicação da Lindsay, o primeiro passo é se trabalhar em função da outorga do uso da água. Para isso é necessário realizar um levantamento hidrológico e hidrogeológico. “O produtor que deseja fazer um projeto de irrigação, deve procurar uma revenda especializada que vai projetar os pivôs e vai determinar qual a vazão e qual a quantidade de água que ele precisa, bem como o tamanho ideal deste reservatório. Temos parceiros no Brasil inteiro. É uma segurança a mais de fornecimento do recurso para a cultura. Pouco adianta o produtor ter um pivô e não ter água”, diz.

Trazendo para a realidade do dia a dia, pensamos nesse reservatório como a caixa d’água de uma residência. Rotineiramente a casa é abastecida a todo momento pelas empresas responsáveis, contudo, caso haja problema nesse fornecimento por muitas horas as pessoas não são afetadas, pois há essa reserva. O mesmo pode ocorrer em cidades onde já há racionamento do recurso. “No projeto de irrigação, o reservatório se bem dimensionado, terá essa importante função”, destaca Norenberg.

Mas, muitos devem estar se perguntando, qual o tamanho ideal para fazer essa captação? Segundo o engenheiro de aplicação da Lindsay, essa dimensão vai variar de acordo com o projeto, e esta é justamente a função do projetista, calcular o volume útil necessário do reservatório. “A conta geralmente é a seguinte: o profissional vai pegar o volume de água que o pivô utiliza diariamente e vai calcular isso sobre o período máximo que ele pode ficar sem captar água. Com base nessas informações poderá dimensionar o volume útil de água necessário no reservatório”, explica o engenheiro de aplicação.

Economia com a programação remota

Outra forma de economizar com os gastos de energia é otimizando a irrigação nas lavouras, fornecendo água para as plantas somente na quantidade necessária no local correto, como faz o FieldNET. A tecnologia de gerenciamento remota totalmente integrada, e exclusiva da Lindsay, possibilita ao produtor monitorar a irrigação em qualquer marca de pivô, aumentando a produtividade e utilizando melhor os recursos naturais.

A ferramenta permite a visualização e controle dos sistemas praticamente de qualquer lugar. A partir de um acesso remoto, seja por smartphone ou tablet, a ferramenta possibilita a criação de planos de irrigação de taxa variável, que define paradas e lâminas, cria relatórios de uso, monitora o desempenho e os ganhos em toda a operação e ainda passa atualizações e alertas em tempo real do funcionamento do equipamento.

Segundo Gabriel Guarda, engenheiro agrônomo e especialista FieldNET da Lindsay, com a ferramenta o produtor consegue programar os horários de funcionamento do equipamento. Assim, o pivô vai desligar e religar automaticamente fugindo dos horários onde a cobrança de energia é mais cara. Outra vantagem é que ao fazer uma programação ele vai saber quanto tempo o pivô vai levar para fazer a operação e o sistema fornece isso de forma automática, resultando em um planejamento muito melhor da operação. “Também é possível ter um controle preciso e o histórico de quando o equipamento funcionou e isso é muito útil para comprovação em casos de cobrança indevida de energia pela concessionária por uso em horário não permitido”, destaca Guarda.

Outra informação que a ferramenta tecnológica proporciona é que através do controle do sistema, ela mostra o total de horas que o equipamento passou irrigando. Munido desses dados, o produtor pode rever os contratos que tem com o fornecedor de energia. “Muitas vezes é possível ter até abatimentos, reduzindo ou renegociando a demanda de energia contratada disponível para utilizar nos pivôs”, acrescenta o especialista.

Já o FieldNET Advisor, é uma outra solução disponibilizada pela multinacional para o manejo da irrigação, e que foi projetada para simplificar as decisões, oferecendo recomendações de quando, onde e quanto irrigar. Sua vantagem é ser totalmente integrada ao FieldNET, em situação como a atual de crise hídrica ou oferta restrita de água, vai contribuir em dois momentos.

O primeiro fornece a recomendação correta, ou seja, o produtor vai aplicar realmente a quantidade de água necessária, sem desperdícios, mantendo a umidade do solo necessária para a planta. Outra possibilidade é programar a ferramenta para operar com uma limitação de oferta, assim o sistema automaticamente vai escolher quais são os melhores momentos para fazer a irrigação para que a cultura não entre em estresse nos momentos mais sensíveis para a cultura.

Para isso, a tecnologia do sistema, automaticamente vai calcular e dividir o quanto há de água disponível ao longo da safra para fazer as irrigações nos momentos mais críticos. Em casos de baixa oferta, o sistema já recomenda a irrigação quando realmente torna-se necessário. Assim, haverá a garantia que terá água suficiente para a lavouras nos momentos mais importantes como florescimento e enchimento de grãos.

Segundo Guarda, realizando esse bom manejo, utilizando essas ferramentas é possível ter uma economia de 10% a 30% do uso da água e consequentemente de energia. “Contudo é importante destacar que o foco da tecnologia não é apenas reduzir o consumo de água e sim otimizar sua utilização pensando em aumentar o número de sacas por milímetros irrigados, produzindo mais utilizando o recurso necessário”, finaliza o especialista.

 

Foto de Capa: Divulgação.

Deixe um comentário

Jornal Digital
Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745