Domingo, 20 de setembro, ano vinte, véspera da Primavera, estação chamada das flores, do embelezamento das nossas restantes matas pela beleza das acácias, flanboyants, bouganvilles e outras árvores que florescem nesta estação. Lembro-me da minha escola primária, quando cantávamos, radiantes, o seu hino e recitávamos poesias, sob o incentivo da prima Solange, a professora do Grupo Escolar Getúlio Vargas, em Barra da Estiva. Vivíamos “o amor febril pelo Brasil”, a pátria amada!
Nem sei porque sou tomado por esse saudosismo hoje! Mas é o sentimento que aflorou, desde que nos ajuntamos, aqui em casa, para um churrasquinho caseiro, sob o comando de Eric, o cervejeiro Pablo, a alegria de Sabrina, a disposição de Ivone, e a minha espera, naturalmente, com a minha moderação de umas três latinhas.
Uma tranquilidade familiar costumeira, ouvindo as conversas engraçadas da circunstância, ouvindo boa música e o cantar, ao longe, do meu bem-te-vi, que não chegou a pousar para beber água e fazer um voo rasante para se refrescar. Só os pardais não se avexaram ficaram por aqui.
Nessa paz de espírito, para espantar as agruras dessa esquisita pandemia, declamei os poemas do poeta e conterrâneo amigo Fernando Azevedo, Malungo Zambo, o seu psedônimo poético, que integram o livro a ser lançado, tão logo possamos nos reunir sem preocupações.
Assim, escolhi cinco poemas, aleatoriamente, na bistunta mesmo, cumprindo o meu projeto de recital poético nas manhãs de domingo.
Compartilho com alguns amigos pelo Whatsapp, alguns grupos, o que tem me proporcionado um prazer imenso, com poesias canônicas, além de versos de cordel, trocados com muitos poetas por este Brasil a fora.
Com o cordel, o meu que-fazer tem sido frequente, sem se falar nas participações nas “lives”, pelos canais da internet, com uma frequência jamais vista. Acho que a moda pegou e vai ficar mesmo após a pandemia.
Bem, nem é preciso dizer que o avesso da pandemia, portanto, com tudo que provocou, nesses seis meses, é de se chamar mesmo a atenção, pois ocorreu em todos os campos a convivência humana, que vivia, vamos dizer, conformada com o ritmo das mudanças na sociedade.
Foi uma coisa repentina, mas tão repentina, como jamais se viu, em decorrência dos períodos de crise ocorridos em todos os tempos, para delinear–se a nova Sociedade que já estamos a viver e que irá se cristalizar, tão logo passe os desastrosos efeitos do Covid-19, no que concerne à sobrevivência dos seres humanos.
O que afirmo é que aos sobreviventes desse dilúvio, não caberá a indagação se o mundo será melhor ou não do ponto de vista da solidariedade humana. Não será isso. Aliás, após todas as guerras, todos os vírus, todas as tecnologias, todos os governos, todas as religiões, a humanidade só continuou pior, cada vez mais egoísta, como a única dualidade: poderosos e oprimidos. E não me venham com meios termos. Caiam na real e pronto!
Assim, volto a o meu raciocínio: o covid 19 é a causa da mortandade humana. O terror. O medo que nos apavora. As vítimas. As perdas. A saudade.
Porém, as suas consequências não serão desastrosas, maléficas para a ciência, para a educação, para a tecnologia, para a medicina, para o meio ambiente, enfim, para tudo quanto possar representar um revolucionário processo de mudanças, que não se limitará às meras reformas, como fossem remendos em roupas poluídas pelo tempo.
Em outras palavras, tudo será diferente nesse novo mundo que advirá pós-pandemia. Ou não é o que já está acontecendo no trabalho, na educação, no direito, nas indústrias, nos procedimentos científicos, nas relações familiares e assim por diante?
O Homem, criador e transformador por excelência, foi desafiado, e não deixará ruir o império criado por ele, em cada Continente. Será uma nova caverna de Platão e nada será fruto da interferência divina. Nem mítica. Os caminhos serão vias concretas para a recriação de uma nova civilização. A que vivemos está falida. Não terá salvação. Está fadada ao fracasso. Logo, acreditem, “amanhã será outro dia”