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Cursos Supletivos Emergem como Ferramenta Contra o Desemprego e Desigualdade Educacional

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Pesquisa Nacional do IBGE Abre Discussão sobre a Importância dos Supletivos no Brasil

Por Miracomunica

A recém-divulgada Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um panorama preocupante: apenas 53,2% da população brasileira com 25 anos ou mais concluiu o Ensino Médio. Esse dado, representando pouco mais da metade da população, sinaliza um desafio significativo para a nação.

Os índices de conclusão do Ensino Médio no Brasil são influenciados por uma complexa teia de fatores sociais, econômicos e educacionais. Questões como desigualdades socioeconômicas, baixa qualidade do ensino, evasão escolar e problemas sociais, incluindo violência, gravidez precoce, envolvimento com drogas e falta de perspectivas futuras, contribuem para a persistente evasão escolar e os baixos índices de conclusão do Ensino Médio.

A realidade educacional varia substancialmente pelo Brasil, com disparidades acentuadas entre regiões. Alguns estados e municípios conseguem alcançar índices mais elevados de conclusão do Ensino Médio, enquanto outros enfrentam desafios consideráveis.

Um dado alarmante revelado na pesquisa é a disparidade racial. Enquanto 60,7% das pessoas brancas concluíram o Ensino Médio, a parcela de pessoas pretas e pardas que atingiram esse marco é de apenas 47%.

Para a pedagoga e diretora geral do Curso Evidente, especializado na preparação de jovens e adultos para a conclusão do Ensino Fundamental e Médio, Deborah Fracischelli Amoni, essa diferença nos índices de conclusão do Ensino Médio entre diferentes grupos raciais denota a presença persistente de desigualdades no sistema educacional brasileiro.

De acordo com Deborah, “Essa disparidade reflete diversos problemas estruturais e sociais que precisam ser abordados para alcançar maior igualdade de oportunidades. Algumas das questões relevantes incluem desigualdade socioeconômica, racismo estrutural, má formação de professores e necessidade de termos um currículo mais inclusivo.”

Nesse contexto, ações para reduzir essas desigualdades e promover a igualdade são vitais. Isso abrange a implementação de políticas públicas direcionadas à equidade educacional, medidas afirmativas, investimentos em infraestrutura e recursos para escolas em áreas desfavorecidas, além de um esforço conjunto para combater o racismo e a discriminação em todos os níveis da sociedade.

De acordo com a especialista, democratizar o acesso a cursos para jovens e adultos que buscam concluir os Ensinos Fundamental e Médio pode desempenhar um papel crucial na reversão da situação deficitária da população brasileira. No entanto, isso requer medidas que eliminem barreiras e ampliem as oportunidades de aprendizado, como flexibilização de horários e modalidades de ensino, parcerias com empresas, apoio pedagógico e emocional, incentivos financeiros e expansão da oferta de cursos.

A diretora geral do Curso Evidente destaca que é fundamental aumentar a disponibilidade de cursos e escolas voltados para a conclusão dos Ensinos Fundamental e Médio para adultos. Isso pode ser alcançado através do estímulo à criação de novas escolas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), parcerias com instituições comunitárias, fortalecimento da rede pública de ensino e programas que atendam a essa faixa etária.

Garantir a qualidade dos cursos supletivos é igualmente crucial, envolvendo currículos atualizados, professores capacitados para a EJA, materiais e metodologias adequados, como aulas presenciais e à distância, acompanhamento pedagógico constante, ações afirmativas que promovam a autoconfiança do aluno, políticas de inclusão e personalização da educação.

É importante ressaltar que os alunos da EJA compõem um grupo diversificado, e, portanto, o atendimento deve ser individualizado para garantir resultados efetivos. A implementação dessas medidas, de forma integrada, pode contribuir para a qualidade dos cursos supletivos. Contudo, é uma tarefa contínua, que requer comprometimento de governos, instituições educacionais, professores, alunos e toda a comunidade.

Foto de Capa: Storyset/FreePik

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