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“Declínio no QI é Alerta para a Educação Moderna”, Afirma Dr. Fabiano de Abreu Agrela

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Por Dr. Fabiano de Abreu Agrela/ Via MF Press Global

O recente estudo publicado por Bilge Bal-Sezerel e colaboradores revelou uma preocupante tendência de declínio nas pontuações de inteligência geral, verbal e visual de crianças avaliadas entre 2016 e 2021, especialmente durante a pandemia de COVID-19. Para o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências, especialista em inteligência e QI com mais de 100 estudos publicados sobre o tema, e presidente da ISI Society, a sociedade de alto QI mais restrita do mundo, os dados reforçam a necessidade de repensar práticas educacionais e sociais.

Impactos da Pandemia no Desenvolvimento Cognitivo
Segundo Dr. Fabiano, o período de isolamento social e a transição abrupta para o ensino remoto contribuíram significativamente para a queda nas pontuações de QI. “A pandemia de COVID-19 criou um ambiente de estímulo reduzido, prejudicando habilidades essenciais para o desenvolvimento cognitivo. Crianças precisam de interações sociais e experiências práticas para fortalecer áreas cerebrais críticas, como o córtex pré-frontal, que está diretamente ligado à resolução de problemas e aprendizado”, explica.

Ele destaca que o impacto não foi apenas acadêmico, mas emocional: “O aumento de ansiedade e a falta de rotina desestruturaram o aprendizado, especialmente em crianças mais sensíveis ou com dificuldades de adaptação.”

Efeito Flynn Invertido
O estudo corrobora o chamado efeito anti-Flynn, que indica uma queda no QI ao longo do tempo em contraste com o aumento observado em décadas anteriores. Para Dr. Fabiano, esse fenômeno vai além da pandemia. “Estamos diante de uma sobrecarga tecnológica e um déficit em estímulos intelectuais de qualidade. O consumo excessivo de entretenimento digital superficial, como redes sociais e vídeos curtos, pode estar inibindo o desenvolvimento da atenção sustentada e da criatividade, aspectos cruciais para o aumento do QI.”

Diferenças de Gênero e Desafios Futuros
Um dado intrigante do estudo foi o impacto maior sobre as meninas, algo que, segundo Dr. Fabiano, pode estar relacionado a diferenças no processamento emocional. “Meninas tendem a internalizar mais os efeitos do estresse e das mudanças ambientais, o que pode ter amplificado o impacto da pandemia em seu desenvolvimento cognitivo”, comenta.

Para o especialista, os desafios agora incluem a reconstrução de um sistema educacional que priorize o desenvolvimento integral das crianças. “Precisamos de métodos que integrem estímulos intelectuais, emocionais e sociais. A neurociência já demonstrou que ambientes ricos em desafios cognitivos e interações saudáveis são fundamentais para o desenvolvimento cerebral.”

A Educação como Solução
Apesar do cenário preocupante, Dr. Fabiano enfatiza que há espaço para amenizar o declínio. “O cérebro é altamente plástico, e crianças possuem uma capacidade incrível de se adaptar e amenizar. Com estratégias bem elaboradas, como incentivo à leitura, estímulo ao pensamento crítico e redução do tempo de tela, podemos criar um ambiente propício para um melhor desenvolvimento cognitivo.”

O declínio nas pontuações de QI registrado no estudo é um sinal de alerta não apenas para a educação, mas para a sociedade como um todo. “Precisamos entender que o QI não é apenas um número, mas um reflexo de como estamos estimulando nossas crianças a pensar, aprender e inovar. A responsabilidade é nossa, como educadores, pais e cientistas, de criar as condições para que elas alcancem seu potencial máximo”, conclui Dr. Fabiano.

Referência
Bal-Sezerel, B., Ateşgöz, N. N., & Kirişçi, N. (2023). Intelligence Differences across Years: A Trend Analysis. Journal of Theoretical Educational Science, 16(1), 107-126. DOI:10.30831/akukeg.1099061

Foto: Divulgação / MF Press Global

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745