Por: Ana Lucia Ferreira
Nesta quinta – feira (16) o ator Bruce Willis anunciou que foi diagnosticado com demência Fronto temporal. A notícia chamou a atenção da Imprensa mundial para as doenças próprias do envelhecimento, no caso do ator, um tipo de demência precoce que acomete pessoas ainda antes dos 65 anos.
O que é demência Fronto temporal?
Willis já havia divulgado seu diagnóstico de afasia, uma condição que progrediu para este tipo de demência. A parceira científica do Método Supera – Ginástica para o cérebro, gerontóloga – professora e doutora pela USP, Thais Bento Lima explica que que o termo demência frontotemporal (DFT) refere-se a um grupo de doenças caracterizadas por degeneração focal dos lobos temporais e/ou frontais do cérebro. Segundo ela, clinicamente, a DFT é um grupo de doenças, e é subclassificada em subtipos de linguagem, denominadas variante não fluente ou agramática da afasia progressiva primária e variante semântica da afasia progressiva primária (cuja siglas são APP). Os diagnósticos interferem diretamente em recursos que são imprescindíveis para o ator, segundo a especialista do Supera – Ginástica para o cérebro “A APP é uma síndrome clínica caracterizada por distúrbio de linguagem fluente, com perda progressiva do conhecimento das palavras, levando a anomia e dificuldade de compreensão de palavras, e presenças de parafrasias semânticas. Os pacientes podem apresentar dificuldade para reconhecer objetos, particularmente itens pouco frequentes ou com os quais estão menos familiarizados) e sinais de dislexia ou disgrafia de superfície, que são caracterizadas por erros na escrita ou na leitura de palavras irregulares”, detalhou.
Ainda segundo ela, a doença leva a um comprometimento assimétrico dos lobos temporais anteriores, com quadro clínico diferente a depender do lado mais acometido “A síndrome clínica é caracterizada por alterações comportamentais (mudança de personalidade, depressão, comportamento social inapropriado) com perda de crítica”, detalhou.
Com relação à expectativa de vida dos pacientes diagnosticados com esta síndrome demencial, estima-se que após o diagnóstico o tempo médio de sobrevida é de 6-9 anos, tempo inferior quando comparado às outras demências como a Doença de Alzheimer e a demência vascular.
O progresso da doença de Bruce Willis
No caso específico do ator Bruce Willis, o tipo de demência frontotemporal que apresentava, era caracterizado como uma afasia progressiva primária, e a família observava que a sua linguagem estava ficando prejudicada e reduzida com o passar do tempo acompanhada de alterações de comportamento e da personalidade e com a presença de alterações do humor, além disso a sua esposa relatava que como durante o tratamento o diagnóstico não era ainda preciso, ela e seus familiares, achavam que o que comprometia a saúde de Bruce Willis eram os medicamentos que estavam sendo prescritos, pois nunca haviam ouvido falar sobre afasia progressiva e da demência frontotemporal.
“A perda gradativa da linguagem que ocorre na afasia progressiva primária (APP) além de causar impacto na vida do indivíduo requer constantes adaptações do indivíduo e de sua família para lidar com as dificuldades linguísticas, cognitivas, emocionais que aumentam com o decorrer do tempo. A reabilitação linguística/cognitiva na APP requer flexibilidade para acompanhar as mudanças”.
“Uma vez diagnosticado com a doença, buscar informações é muito importante. Pois quando o cuidador tem conhecimentos da doença, consegue manejar adequadamente o tratamento e os estágios da doença, indicamos um manual para cuidadores de indivíduos com demência frontotemporal, que pode ser baixado, para terem maiores informações de cuidados desta demência”, explicou Thais Bento, parceira científica do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Como prevenir demências?
As demências em geral são progressivas e não tem cura. No entanto, a condição do ator Bruce Willis reforça a importância de olhar para o processo de envelhecimento, em especial as demências, com bons hábitos de vida e o estímulo cognitivo “As demências seguem em estudo em todo o mundo, mas a ciência já sabe que bons hábitos são fundamentais para prevenir a manifestação delas, sobretudo em casos em que há prevalência genética. Neste contexto, a estimulação cognitiva e a ginástica para o cérebro são uma opção interessante que estimula o cérebro e contribuiu para o retardo ou não manifestação da doença em casos mais propícios a ela”, concluiu.