É notório que a imprensa tem dedicado espaço considerável de seus negócios ao que chama de crises: política, econômica, social, cultural. Assim, seus leitores e espectadores contagiam-se pela descrença na legitimidade de instituições públicas e de tomadores de decisão sobre o bem comum. Esse cenário nefasto culmina em delações, escândalos e até impedimentos…
No entanto, os sanguessugas de verbas públicas, cujas famílias não largam o osso, demonstram reiteradamente sua incompetência para mudar a condição dos pobres, cada vez mais distantes do gozo da riqueza. Tal é a disposição de milhares de vereadores, deputados e politiqueiros que conhecem o Brasil de dentro de seus gabinetes e têm pouca consciência do desperdício de recursos de que tomam parte. Gostam de deixar-se notar como “autoridades” privilegiadas em vez de servos de um país carente e miserável.
Nunca é demais lembrar algumas das contrariedades do Brasil dividido em classes, gostos e oportunidades. A que mais me choca é a que leva instrução a tão poucos doutores num universo de iletrados. E o azar reina soberano sobre um povo tão próximo de Deus, mas assaz longe da justiça. Logo temos o recrudescimento do número de “marmanjos de calçada”, que abordei no meu texto anterior. Eles são sedentos de um líder e orientador, mas tudo que lhes resta é seguir os exemplos abjetos que pululam dos televisores.
Para subir um degrau sublime, é preciso arrojar esforços maiores e deixar a zona de conforto físico e mental. É claro que esta é uma utopia nesta sociedade brasileira onde líderes ilustres são escassos e o tempo que sobra livre é rapidamente gasto na fofoca, na ocupação frívola e outro tanto na ociosidade produtiva.
Como eu pontuei no parágrafo primeiro, o país relatado pela imprensa atravessa um momento de crises extraordinárias. Mas o holofote sobre a desgraça destaca também o negócio (ou razão de existir) de muitos empreendimentos. Igualmente, a loucura é muitas vezes um estado de ânimo induzido na sociedade. Dessa forma, a desorganização social (descrença, violência, etc.) vem como resultado desses estímulos inconsequentes e perversos.
Toda mudança social que traga efeitos positivos ao país sofre, a princípio, resistência. As ideias que promovem alterações no estado de coisas são vilipendiadas, criticadas, escarnecidas. Leva muito tempo para que a sociedade aceite-as devido aos interesses que se desarmam e ao egoísmo que revelam. Por isso, há mártires e paladinos que ousam nas palavras e nas instruções que deixam até que um dia elas se assimilam e se aplicam. De quantos sacrifícios já ouvimos falar desde Sócrates a Jesus! E, além de pessoas ilustres, há cidadãos desconhecidos e distantes de calçadas da fama.
Acreditemos no “efeito multiplicador” de ideias que promovam o bem comum, e ponhamos atenção em atitudes reformadoras. Mesmo os sectários assíduos da Lei de Gérson um dia substituirão suas referências e buscarão outros exemplos que sejam mais dignos de nota. Cedo ou tarde, o respeito pelo outro será norma de conduta até entre aqueles que teimam em transformar o Brasil num inferno coletivo, destruir a natureza e prejudicar os outros.
Disso temos exemplos fartos no Brasil. Porém, a tolerância de muitos já esgotou. Acredite, leitor, que você também é cúmplice de uma grande mudança. Por mais que em seu lar falte o alimento luxuoso que os ricos e apadrinhados pelo Estado degustam, e que seu dinheiro não alcance para bens de consumo confortáveis, prepare-se para a luta justiceira que está por vir. O mérito só se mede com oportunidades equivalentes. Destrone os impostores.