Infectologista esclarece mitos sobre o vírus e defende a importância da testagem para garantir o diagnóstico precoce.
Por: Gisele Almeida
O Dezembro Vermelho, campanha instituída pela Lei Federal nº 13.504/2017, marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis), chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV.
A infectologista Vanessa Teixeira ressalta que estar infectado com o vírus HIV não é a mesma coisa de ter Aids. “O HIV é o vírus que causa a doença chamada Aids, só que para uma pessoa desenvolver essa doença, precisa de cerca de três a cinco anos de evolução com o vírus no organismo, atacando o sistema imunológico. Nesse momento, quando o sistema imunológico já está bastante afetado, denominamos a doença como Aids”, explica a professora do curso de Medicina do Centro Universitário UniFG, parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país.
A especialista defende a importância da adesão da população à testagem para detecção do HIV, a fim de garantir o diagnóstico precoce e evitar que o vírus se manifeste de forma mais grave, com evolução para a Aids. O teste é oferecido gratuitamente nas Unidades Centrais e Básicas de Saúde e o resultado sai em cerca de 30 minutos.
“O teste de HIV é recomendado como rotina, não é necessário que a pessoa esteja doente ou que esteja grávida. A gente recomenda sempre que, a partir do momento que a pessoa tenha uma exposição que pode ser de risco, após o início da sua vida sexual, ou até mesmo pessoas que não têm uma vida sexual ativa, mas que venham a ter algum fator de risco para ter contraído o HIV, façam o teste”, recomenda a Dra. Vanessa Teixeira.
Prevenção
Em se tratando de prevenção, a médica esclarece, ainda, que o Ministério da Saúde trabalha atualmente com diversas estratégias combinadas, oferecendo mais alternativas para que as pessoas evitem a contaminação pelo HIV. Além da recomendação do uso do preservativo em qualquer relação sexual, da testagem e da distribuição de seringas estéreis para usuários de drogas venosas, mais recentemente surgiram as Profilaxias Pré-Exposição (PreP) e Pós-Exposição (PEP).
“A PreP é recomendada para pacientes que vivem em situação de risco, ou seja, profissionais do sexo e casais sorodiscordantes (quando um é positivo e o outro é negativo para HIV). É como se fosse um tratamento anterior à exposição ao vírus, para no caso de isso acontecer, a pessoa já possuir no sangue níveis de medicamento suficientes para evitar que esse vírus invada o seu corpo e a infecção aconteça. Já em relação à PEP, a partir do momento que o paciente tem uma exposição de risco, ele pode fazer uso da medicação durante 28 dias e isso evita que ele se contamine. Vale destacar que a PEP deve ser iniciada até no máximo 72h após a exposiçao de risco”, orienta a infectologista.
A professora da UniFG defende, por fim, a importância da quebra do preconceito e da consolidação de uma estratégia em que se fale sobre o HIV nas Unidades de Saúde, incentivando as pessoas que passam por ali a realizarem o teste, ainda que não apresentem sintomas. “Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a possibilidade de um tratamento antes que o paciente desenvolva Aids. A partir do momento que o paciente está em tratamento, a saúde dele já vai ficar preservada. Além disso, diminui muito as chances de transmitir o vírus para outras pessoas, já que o tratamento torna a pessoa indetectável para HIV”.