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Dia da Consciência Negra é discutida na Câmara Municipal

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A Consciência Negra representa a luta dos negros contra a discriminação racial. O dia 20 de novembro foi instituído no Brasil como o “Dia da Consciência Negra” em homenagem a data da morte do líder negro “Zumbi”, que lutou contra a escravidão no Brasil. Por esse motivo todos os anos, é realizada na Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) uma sessão solene para comemorar a data. Estiveram presentes no evento, o senhor Uelber Barbosa Silva, gerente da coordenação de igualdade social; Mãe Graça, representando as religiões de Matrizes Africanas; Carla Alessandra Souza; Elza Ferreira Mendes, coordenadora municipal de políticas para as mulheres e a senhora Jamile Santos, representando as comunidades quilombolas, além dos vereadores e convidados.

Cícero Custódio (PSL)

Cícero Custódio (PSL)

Reflexão sobre a posição dos negros – Quem falou em nome dos vereadores foi Cícero Custódio (PSL), que relatou casos de preconceito no qual ele já passou e ressaltou a importância de se discutir a luta contra o preconceito racial: “Já passei por vários preconceitos pelo fato de ser preto, pobre e deficiente, portanto, essa data relembra a importância da reflexão sobre a posição dos negros na sociedade. Isso após um longo período de preconceito sofrido pelas gerações que sucederam a época de opressão”. Cícero lembrou ainda que “andando pela periferia de nossa cidade, percebemos o quanto essas pessoas são discriminadas”.

Uelber Barbosa Silva

Uelber Barbosa Silva

Batalhas travadas – O gerente de coordenação de igualdade social, Uelber Barbosa Silva, representando a Coordenadora da Promoção da Igualdade Racial, Elizabeth Ferreira Lopes, disse ser motivo de satisfação estar na CMVC pelo que representa a homenagem que as pessoas escolhidas iriam receber. “Sabemos as batalhas que travamos para que essa pauta fosse reconhecida”. Acrescentou que “são tempos difíceis, do ponto de vista político nacional e internacional. Não foi uma guinada qualquer, não foi apenas uma troca de governo, mas uma ofensiva do capital em sua ofensiva mais reacionária possível”. Deseja que “essas homenagens sirvam como mola propulsora pra travar uma luta mais aguerrida daqui por diante, pelo reconhecimento da nossa religião, o cumprimento do estado laico”.

Jamile Santos

Jamile Santos

Respeito e atenção – A representante das comunidades quilombolas, Jamile Santos, pediu que as comunidades quilombolas sejam respeitadas em todos os aspectos e que recebam atenção do poder público. Segundo ela, as comunidades quilombolas ainda são vistas como ambientes fechados sem direito ao acesso às ações sociais de promoção da saúde, educação e cultura. Jamile apontou que o município de Vitória da Conquista tem 27 comunidades quilombolas. “Precisam de uma atenção maior, do reconhecimento, do que elas representam”, disse ela. “Não podemos lembrar da consciência negra apenas quando chega novembro, mas todos os dias. As comunidades quilombolas, as mulheres negras, os jovens negros sofrem diariamente com o preconceito”, completou Jamile, que também pediu que as pessoas sejam respeitadas independente de questões raciais e religiosas.

Mãe Graça

Mãe Graça

Cremos nas divindades – Representando as religiões de matrizes africanas, Mãe Graça, dizendo estar decepcionada com a conversa paralela no recinto. “Precisamos prestar atenção no que vemos e ouvimos”. Solicitou aos “vereadores reeleitos e mesmo que não tenham sido, mas tem algum tipo de respeito por nós, que nos ouça durante esse novo mandato”. Acrescentou que “fazemos parte de uma religião de negros que veio da África. Estamos sendo sufocados, discriminados e desvalorizados. Falta de conhecimento. Procurem saber o que são as religiões. Não fiquem bitolados que somos porta vozes dos demônios. Cremos nas divindades”. Para ela, o horário da sessão pela manhã, impediu uma presença maior de pessoas, “porque a maioria não pode deixar de trabalhar”.

Carla Alessandra Souza Silva

Carla Alessandra Souza Silva

O que vocês entendem por mulheres negras? – A representante do coletivo feminista Negras Dió, Carla Alessandra Souza Silva, disse que estava triste com pouco caso dos políticos presentes. “As falas estão sendo feitas e vocês conversando, não dando a devida a importância”. Na sequência questionou “o que vocês entendem por mulheres negras? Bravas, sexys, sensuais, fortes, braçais, não aptas ao trabalho intelectual, muito vai passar na cabeça de vocês”. Acrescentou que “aqui vai ser homenageada Núbia Regina Oliveira, doutora na Universidade Estadual do Sudoeste na Bahia (UESB), sogra, amiga, ela é uma representação muito grande”. Salientou que não pode ser esquecida Dandara dos Palmares que “lutou pela nossa emancipação, crescemos sem ser vistas na mídia, nos livros didáticos, nas representações como professores das escolas. Precisamos nos ater no sentido que a mulher negra existe, é chefe de família.

Elza Ferreira

Elza Ferreira

Debate contra a violação de direitos – A coordenadora municipal de Políticas para as Mulheres, Elza Ferreira, parabenizou a entrega do Prêmio Zumbi dos Palmares, por ser uma ação de promoção da igualdade racial. Segundo ela, as discussões e debates fortalecem a luta contra a violação de direitos. Elza aproveitou o momento para lembrar da Campanha dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, em que são debatidas as várias formas de violência contra a mulher, que se estende a todas as raças, religiões e classes sociais. “É uma campanha pra gente debater”, explicou.

Durante a sessão três pessoas foram homenageadas, devido aos trabalhos realizados junto com a população negra, visando o combate a discriminação racial no país.

 

Homenageada: Professora Núbia Regina Moreira

Homenageada: Professora Núbia Regina Moreira

Homenageado: Antônio Carvalho de Oliveira

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