O escritor é um trabalhdor solitário, na construção de sua obra. É? Escrever é, realmente, um trabalho solitário, pois a nossa obra tem de ser construída por nós, sem a interferência de ninguém. Mas a literatura nos dá oportunidade de conhecer almas afins, aquelas que também escrevem e aquelas que leem o que escrevemos, que gostam de ler, que tem o bom hábito da leitura.
Então não acho que sejamos tão solitários, pois nossos pares são muitos e os leitores também, embora desejássemos que fossem em muito maior número. Conhecemos outros escritores em lançamentos, reuniões, encontros e nossos leitores através de contatos por redes de relacionamento, correio eletrônico, telefone. Ao comprar um livro ou ler uma crônica em um jornal, um poema em uma revista ou na internet, nossos leitores chegam até a gente, o que acontecia muito menos antes do advento da grande rede. Então viva a comunicação, mais um motivo para comemorar o Dia do Escritor, no dia 25 de julho.
Pela aproximação do escritor com o leitor, que é mais fácil nos tempos atuais, com todas as tecnologias disponíveis, podemos comemorar o nosso dia, neste 25 de julho. Já pela valorização da obra, pela remuneração do trabalho, a coisa é mais complicada. O escritor iniciante – e o não iniciante também – que consegue uma editora para publicar o seu livro, o que não é muito comum, recebe parcos dez por cento pelo seu livro, depois de pronto. Isso mesmo, dez por cento. E se não for um autor popular, já consagrado, ainda recebe os dez por cento em livros. Pior, hoje em dia praticamente não existe mais essa coisa de a editora publicar o livro e pagar dez por cento ao autor. Agora as editoras publicam o livro do autor novo se ele pagar a edição. É claro que há o autor de best-sellers, consagrado, que vive de escrever, mas esse vende muito e não ganha só os dez por cento.
Se o escritor bancar o custo da publicação do seu livro, ele mesmo terá de colocá-lo debaixo do braço e sair para vender, de porta em porta. Não haverá uma distribuição eficiente, para que o livro conste das livrarias, para que tenha uma divulgação abrangente e o leitor tenha a curiosidade despertada para a obra que veio a lume. Então a edição do autor é bastante sofrida, pois o autor paga a edição do seu livro e ainda tem que vendê-lo, ele próprio, para conseguir ter de volta um pouco do que gastou.
Mas escrever é um dom. Então vale a pena dar asas à imaginação, recriar o mundo com a nossa fantasia e criatividade, com emoção e sensibilidade, para que outras pessoas, os leitores, possam vê-lo, recriá-lo através de nossos olhos. Se somos escritores de fato – ou não – é o leitor quem vai dizer.
Meus parabéns a todos os escritores, de qualquer lugar do mundo, operários da palavra e heróis das letras. Hoje é seu dia. Hoje é o nosso dia. Que continuemos produzindo e levando boa literatura aos nossos leitores, mas acima de tudo, que possamos incentivar o hábito de ler em todos os cidadãos deste nosso imenso mundão de Deus.