Uma audiência pública, na noite dessa segunda, 15, marcou a comemoração do Dia Internacional da Enfermagem, rememorado todo dia 12 de maio. A ação reuniu enfermeiros, docentes da área, estudantes e representantes de instituições de saúde e ensino. A audiência é de autoria da Comissão de Saúde da Casa, composta pelos vereadores: Viviane Sampaio (PT), presidente; Cícero Custódio (PSL), relator; e Adinilson Pereira (PSB), membro. Os dois edis não puderam participar por agendas emergenciais.
Viviane Sampaio (PT)
A vereadora Viviane Sampaio (PT) destacou que a data vem sendo comemorada desde a década de 1960, mas só foi oficializada em 1974. Ela lembrou a importância da inglesa Florence Nightingale para a institucionalização da enfermagem. Florence atuou como enfermeira na Guerra da Crimeia e é considerada a fundadora da Enfermagem Moderna, tendo fundado, em 1859, uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente.
Segundo dados de uma pesquisa, relatada por Sampaio, 87% dos profissionais de enfermagem no Brasil são mulheres. O contingente de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem no país é de 1,5 milhão. Para ela, é uma conquista para uma profissão de origem secular, que sempre esteve relacionada à caridade, quem a exercia não era remunerado, nem havia preparação. Viviane explicou que, ao longo dos tempos, esse cenário mudou, sobretudo após Florence Nightingale, e hoje a Enfermagem é uma área técnica-científica. Esses profissionais não atendem apenas no nível hospitalar, têm atuado em outros campos como o político, o administrativo, o ensino e o assistencial. A vereadora advertiu que é o segmento que precisa de mais união e valorização das lutas da enfermagem. Para ela, somente uma participação efetiva do segmento podem fazer frente a reivindicações como a Lei das 30 horas, projeto de lei, em tramitação há anos, que fixa a jornada de trabalho dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em seis horas diárias e trinta horas semanais.
Talita Barreto
Talita Barreto, enfermeira e especialista em enfermagem obstétrica e em acupuntura,falou sobre sua experiência com a área. “Tem apenas sete meses que desenvolvo esse trabalho com acupuntura, mas já vejo os benefícios com meus pacientes”. Talita contou que pacientes que sentiam muita dor, já na oitava sessão não sentiam mais nada, da mesma forma que pacientes que sofriam com insônia há 12 anos, na segunda sessão já dormiam tranquilamente. A enfermeira explicou que acupuntura é um tratamento linear que vem da China, e que para a realização são usadas agulhas sistêmicas , cristais e sementes de mostarda. ” Quando aplicamos as agulhas estimula-se o sistema nervoso e o cérebro recebe a mensagem de anti-inflamatórios e analgésicos”, explicou. Diferente do que o senso comum acredita, Talita esclareceu que a acupuntura não serve apenas para dores, mas também para tratamentos completos de insônia, problemas ortopédicos, respiratórios, entre outros. Segundo a enfermeira, em 2006 foi lançada a portaria 971 para que todos os postos de saúde oferecessem o serviço de acupuntura. “São Paulo já oferece desde 2007, através de solicitações médicas, geralmente voltadas para distúrbios psiquiátricos e dores crônicas”, contou.
Elaine Patrícia
Cuidado deve acontecer de forma integrada – Elaine Patrícia, enfermeira, atua no Programa de Saúde da Família há mais de 10 anos, afirmou que é uma honra representar a Enfermagem na audiência. Em sua fala, destacou que a enfermagem está associada à ideia de cuidado, que deve acontecer de forma integrada – trata-se não só o indivíduo doente, mas o seu entorno, ambiente, familiares. Para ela, o enfermeiro é fundamental nesse processo, pois atua em diversas frentes e composições, desde auxiliando o trabalho dos agentes de saúde, nos programas de saúde da família, em unidades básicas de saúde, até clínicas e hospitais.
Leila Silva
A enfermeira citou Ana Neli como referência de resistência e também de desprendimento e competência – A enfermeira do Hospital Geral de Vitória da Conquista e também professora do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Leila Silva, falou da importância do dia 12 de maio , do profissional de enfermagem que acompanham 24 horas os pacientes, e dos preconceitos enfrentados . ” Quando enfermeiros enfrentam preconceitos que vem dá própria história. Isso começou na caridade, como se precisássemos prestar sempre a caridade. Só que quando ela se torna uma profissão, outras exigências surgem. É até uma resposta para a sociedade, cada vez mais somos cobramos e respondemos a isso”, comentou. Para Leila, o preconceito com a profissional também envolve uma questão de gênero. ” Se a predominância é feminina, quantas e quantas mulheres são subjugadas”, afirmou. A enfermeira citou Ana Neli como referência de resistência e também de desprendimento e competência.
Enfermeira há 19 anos, Leila contou um pouco da sua trajetória dentro da área e enquanto professora, até chegar em Vitória da Conquista. ” Tem 17 anos que estou aqui, comecei como enfermeira na Limeira, onde conheci uma comunidade maravilhosa”. Segundo a mesma, em Conquista os gestores costumam valorizar os profissionais que levam a sua profissão a sério. “Fui nomeada como coordenadora de imunização, trabalhei durante 7 anos, e depois coordenadora de vigilância imunológica”, contou. Pouco tempo depois, Leila assumiu a vaga do concurso do Hospital Geral e nomeada professora titular da cadeira de Saúde da Mulher na UESB. Leila reforçou ainda o papel fundamental do enfermeiro na formulação de qualquer política no âmbito da saúde. ” Em meio a várias carreiras, ela é 50% da mão de obra. Sem enfermeiro nada anda”, destacou.
Michela Macedo
Pós-graduações na área vêm crescendo – Michela Macedo, enfermeira, mestre em saúde coletiva, docente do curso de medicina na Faculdade Santo Agostinho e coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade Maurício de Nassau, relatou sua experiência como docente. Para ela, foi importante passar por vários tipos de instituições de saúde, nas quais desempenhou funções diferentes. A experiência na assistência de saúde contribuiu para uma docência mais qualificada. Ela explicou que o foco, que antes era no professor, se deslocou para o aluno, com as novas diretrizes curriculares, sendo o aluno corresponsável pelo conhecimento adquirido. Michela salientou que a experiência docente é contínua e hoje segue uma linha mais integradora, na qual é preciso analisar todo o contexto: questões sociais, políticas e ambientais. Michela destacou que as pós-graduações na área da enfermagem vêm crescendo com o surgimento de especializações e cursos stricto sensu (mestrados, doutorados e pós-doutorados).
Karine Brito
Para Karine Brito, enfermeira, mestre em saúde coletiva e professora do curso de Medicina da UESB, a gestão de serviço na área de saúde é bastante desafiadora. – “É preciso primeiro compreender o serviço de saúde que atende 100% da população, isso requer muito comprometimento”, comentou. Ela explicou um pouco de como funciona esse sistema universal ” A gestão do SUS é muito maior do que as pessoas conseguem imaginar, vai desde as diretrizes básicas, até o financiamento, a questão de acessibilidade, e isso é um desafio”, pontuou. Karine destacou também a necessidade do gestor está sempre atualizado e se qualificando constantemente. ” Temos uma longa estrada na prática, conhecendo o que é fazer saúde, o que significa fazer parte desse processo”, afirmou. “Nós da enfermagem temos o conhecimento do que é trabalhar em equipe, e nos apoiamos uns nos outros, seja na assistência, seja na gestão, seja no ensino, para galgar cada desafio”, completou.
Lygia Mattos
E é muito bom poder observar hoje o quanto a enfermagem cresceu durantes esses 30 anos – Lygia Matos é enfermeira da Secretaria de Saúde, ex-vereadora, diretora do Hospital Afrânio Peixoto, mestre em gestão de sistema de saúde e professora do curso de enfermagem da FTC. Para ela, a enfermagem tem sido uma profissão que vem crescendo, expandindo e trilhado caminhos em várias áreas. “Quando eu me formei essa era uma profissão desvalorizada, tinham poucos cursos e não existiam obrigatoriedade de a presença de um enfermeira nas 24h dentro das unidades hospitalares, as unidades básicas eram poucas, e quase não existiam concursos. E é muito bom poder observar hoje o quanto a enfermagem cresceu durantes esses 30 anos”, destacou.
Ao final da audiência, profissionais da enfermagem foram homenageadas pela Câmara Municipal: Lygia Mattos, Mônica Vieira Achy, Marilene Barbosa de Almeida, Juliana Oliveira, Danielly Campos Nascimento Souza, Fabiana Cavalcanti e Rose Gigante.
Lygia Mattos |
Mônica Vieira Achy |
Marilene Barbosa de Almeida |
Juliana Oliveira |
Danielly Campos Nascimento Souza |
Fabiana Cavalcanti |
Rose Gigante |