Por Ascom
O Dia Internacional da Tireoide, comemorado nesta terça-feira (25), serve para alertar a população sobre os cuidados com a glândula. Quando não funciona adequadamente, os problemas na tireoide podem causar desde fadiga, intestino preso, unhas quebradiças e pernas inchadas, até obesidade, dificuldade para perder peso e problemas como hipertireoidismo e hipotireoidismo. A Sociedade Brasileira de Tireoide (SBEM) estima que os nódulos tireoidianos atinjam 10% da população brasileira, sendo mais comum nas mulheres. Já o câncer de tireoide é o segundo de maior prevalência em mulheres abaixo dos 30 anos, atrás apenas dos casos de câncer de mama. A indicação é que exames regulares sejam feitos a partir dos 35 anos.
Neste ano, a SBEM elegeu como tema “Tireoide e Coração” para chamar a atenção sobre estes dois órgãos essenciais. Apesar de pequena, pesando de 15g a 20g, a tireoide exerce funções essenciais para o bom funcionamento do corpo: é responsável por produzir e regular os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que atuam no funcionamento de órgãos essenciais como o coração, o cérebro, o fígado, rins e ossos. Também controla o metabolismo e funções celulares, atuando na produção de calor, ciclo menstrual e fertilidade, memória e atenção, batimentos cardíacos, peso corporal e níveis de colesterol.
Hiper e hipotireoidismo – Entre as doenças mais comuns da tireoide, está o hipertireoidismo, que acontece quando produção de hormônios pela glândula ocorre de forma exagerada. Nestes casos, o metabolismo é acelerado, o que pode causar perda de cálcio, ansiedade e irregularidade nos batimentos cardíacos. Outra disfunção comum é o hipotireoidismo, que ocorre quando a produção dos hormônios pela tireoide é insuficiente para o funcionamento adequado do corpo, resultando em problemas como cansaço excessivo, depressão e até diminuição da atividade cerebral.
Câncer de tireoide – Atualmente, de acordo com recomendações de endocrinologistas e da própria SBEM, homens e mulheres, a partir dos 35 anos, devem realizar exames periódicos para avaliação da glândula. A detecção precoce de nódulos e tumores é essencial para o sucesso do tratamento e os exames vão desde a dosagem do TSH (hormônio estimulante da tireoide), até a realização de exames de imagem. As técnicas cirúrgicas também evoluíram e estão menos invasivas, evitando, por exemplo, cicatrizes na região do pescoço.
De acordo com o tireoidologista Dr. Helton Ramos, membro da SBEM e do It – Instituto Integrado Endocrinologia e Cirurgia, a patologia atinge mais mulheres do que homens e é o quinto tipo de câncer mais comum. “O diagnóstico é feito a partir do exame clínico ou autoexame, mas também pode aparecer em exames de imagem de rotina. A maioria dos nódulos nesta região é benigno. Entre 5 a 10% apresentam algum tipo de malignidade e a ultrassonografia é essencial para avaliar as características destes nódulos. A depender dos resultados, o médico pode solicitar a punção da tireoide”, destaca Ramos, que também é docente da Ufba.
Técnicas cirúrgicas inovadoras – Com procedimentos cada vez menos invasivos, Ramos destaca a Tireoidectomia Endoscópica pelo Acesso Transvestibular (TOETVA), cirurgia pouco invasiva e ainda no início das indicações no Brasil. “Esta técnica já é realizada com boa aceitação em nosso Instituto, mas ainda não é indicada para todos os casos de câncer de tireoide. Como novidade, não deixa a indesejada cicatriz no pescoço, queixa frequente de alguns pacientes. É interessante pela ausência de cicatriz, mas também por trazer resultados semelhantes à técnica tradicional, baixas taxas de complicação pós-cirúrgica e recuperação rápida”, compara.
A depender do tipo de câncer, podem ser adotados procedimentos como a lobectomia (quando metade da tireoide é retirada) e a tireoidectomia total (extração total da tireoide), além da possibilidade de esvaziar os linfonodos do pescoço, de acordo com o nível de evolução do tumor. As técnicas cirúrgicas para realização destes procedimentos evoluíram nos últimos anos, conforme explicação do endocrinologista.
Existe hoje na área médica uma variedade de técnicas e procedimentos. “Temos, por exemplo, a cirurgia robótica, bisturis específicos que diminuem o sangramento, cirurgia endoscópica, cirurgia com corte atrás da orelha ou na axila, entre outras. São muitas técnicas, que devem ser individualizadas de acordo com cada caso, por isso é importante o acompanhamento de equipe multidisciplinar, composta por endócrino, cirurgião de cabeça e pescoço e radiologista, para indicar a melhor técnica de acordo com o tumor e com as necessidades do paciente”, explica.
Para o médico endocrinologista Dr. Helton Ramos, o Dia Internacional da Tireoide reforça a importância do cuidado continuo com a saúde. “É importante alertamos mulheres e homens sobre a necessidade e cuidados com a tireoide. Consultar um médico e realizar exames periódicos e preventivos contribuem para promoção da saúde, detecção precoce e tratamento adequado de patologias em fases iniciais, resultando em melhores resultados. Um seguimento regular com o seu endocrinologista possibilita uma condução deste processo de maneira mais equilibrada e com mais qualidade de vida”, finaliza o endocrinologista.