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Dia Mundial da Obesidade é oportunidade para alertar sobre os riscos e falta de informação sobre a doença

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Data é comemorada nesta quarta-feira (4). Em entrevista ao portal Brasil61.com, especialista fala sobre estigma, desinformação e complicações da doença

 

Por Felipe Moura/ Agência Brasil 61

 

Subir as escadas. Sentar no chão. Cruzar as pernas. Deitar. Essas atividades cotidianas são simples para a maioria das pessoas, mas eram verdadeiros desafios para Stefany da Silva Liberal, 27 anos. Não bastasse isso, a publicitária tinha que encarar os olhares e o preconceito das pessoas por estar acima do peso. Com 1,67 metros de altura, ela chegou a pesar 113 kg.

“As pessoas sempre te olham com olhares de julgamento. Quando eu percebi todas essas comorbidades, já estava num nível de muita tristeza, quase de depressão, o que foi fazendo eu me afastar de todos. A minha família percebeu o meu sofrimento e eu fui em busca de todos os tratamentos”, lembra.

Stefany, que também é empresária, já estava com a obesidade em um estágio tão acentuado que foi necessária a cirurgia bariátrica para redução do peso. Ela conta que a doença progrediu por oito anos e que, além da má alimentação e sedentarismo, ela conta que outro fator contribuiu para que ela chegasse à obesidade: a falta de informação.

“Falta mais informação sobre [a obesidade]. Quem quer e precisa de ajuda para sair da obesidade tem muita dificuldade para ter acesso aos detalhes”, avalia. Hoje, Stefany pesa 64 kg e também trabalha como influencer digital. Ela tem cerca de 63 mil seguidores e aproveita para disseminar boas dicas de saúde. “Gosto muito de ajudar as pessoas na autoestima e auto aceitação. Foco nessa área de bariátrica, porque muita gente precisa de informação e de ajuda”, conta.

Informação

A carência de informações detalhadas sobre a obesidade não é exclusividade de Stefany. Dados do estudo Action IO mostram que 68% das pessoas com a
doença gostariam que os profissionais de saúde iniciassem conversas sobre o controle de peso durante as consultas.

“Existe esse gap, justamente por a pessoa com obesidade pensar que a culpa é toda dela, isso muitas vezes retarda ela a buscar ajuda de um profissional de saúde e faz com que a pessoa, às vezes, passe anos sem auxílio”, afirma a Dra. Rocio Coletta, endocrinologista e gerente médica da Novo Nordisk.

Ainda segundo o estudo, oito em cada dez pessoas com obesidade acreditam que perder peso é sua responsabilidade individual e passam seis anos tentando emagrecer antes de procurar um profissional de saúde.

A desinformação atinge, também, as pessoas que convivem ao redor, uma vez que a obesidade costuma ser relacionada tão somente a desleixo alimentar e sedentarismo, o que não é verdade. Existem, também, fatores genéticos, ter metabolismo mais lento ou alterações hormonais, sedentarismo, ingestão      maior de alimentos mais calóricos, uso de certas medicações. Até mesmo fatores psicológicos podem desencadear o excesso de peso.

Rocio destaca que em 95% ou mais das pessoas com obesidade as causas são múltiplas. A endocrinologista é enfática: “as pessoas dizem que é ‘só fechar a boca e está tudo certo. Quando quiser, emagrece’. Isso não é verdade. A obesidade é uma doença crônica, como o diabetes e a hipertensão, por exemplo. Boa parte dos indivíduos vão ter que cuidar disso o resto da vida”, afirma.

Complicações

Com a pandemia do novo coronavírus, a discussão sobre o impacto da obesidade na saúde das pessoas aumentou, uma vez que o excesso de peso é fator de risco para maior gravidade da Covid-19. Segundo pesquisas, pacientes com obesidade têm 113% mais chances de serem hospitalizados quando infectados pelo vírus.

No entanto, a doença também pode anteceder inúmeras complicações como doenças cardiovasculares, apneia do sono, gordura no fígado, colesterol alto, hipertensão, depressão, lesões articulares, entre outras. A obesidade é o      principal fator de risco para o diabetes tipo 2, por exemplo. Estudos apontam que a doença aumenta a chance de as mulheres desenvolverem infertilidade e câncer de mama na pós menopausa. Nos homens, por sua vez, a obesidade pode causar disfunção erétil.

Segundo a endocrinologista, as consequências do excesso de peso vão muito além da estética, pois traz problemas de saúde e de sociabilidade, inclusive afetando a produtividade no ambiente de trabalho. “O número de complicações que essas pessoas vão adquirindo é muito maior do que as pessoas com peso adequado”, explica.

Arte: Brasil 61

Tratamento

Assim como as causas são multifatoriais, o tratamento para a obesidade pode ter vários caminhos, embora      Rocio afirme: “dieta e exercício físico é a base para qualquer pessoa com sobrepeso ou obesidade independente de utilizar medicação ou mesmo cirurgia para o tratamento da obesidade”. Nos casos mais avançados, isto é, em que o Índice de Massa Corpórea (IMC) igual ou maior que 35 com comorbidade associada ou igual ou maior de 40, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a cirurgia bariátrica (redução de estômago).

No entanto, a endocrinologista recomenda que não existe receita mágica. Cada pessoa deve buscar ajuda para entender o melhor tratamento para si. “Um médico vai conseguir individualizar o tratamento. Procure um profissional que tenha conhecimento para tratar obesidade”, indica.

Conscientização

De acordo com o Ministério da Saúde, 55,7% da população adulta do Brasil está com excesso de peso e 19,8% têm obesidade. Visando alertar a população para essa outra pandemia, comemora-se, nesta quarta-feira (4) o Dia Mundial da Obesidade.

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Foto de Capa: Conselho Federal de Nutricionistas/ Agência Brasil.

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