Segundo psicóloga, há uma grande necessidade de fortalecer as ações de cuidado na saúde mental e desmistificação do preconceito que impedem as pessoas de buscarem ajuda
Por: Comunic.ativa
Alcoolismo ou dependência de álcool é uma doença crônica e multifatorial; e é um dos transtornos mentais mais comuns relacionados ao consumo de bebida alcoólica. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o problema envolve um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de álcool. Para chamar atenção a esse tema de saúde pública, o dia 18 de fevereiro é marcado pela conscientização sobre os danos e doenças que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode causar.
A Pesquisa Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2022, produzido pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), aponta que nos últimos dois anos, por conta da pandemia provocada pela Covid-19, os óbitos totalmente atribuíveis ao álcool sofreram um aumento de 24% entre 2019 e 2020. Os dados sugerem que houve efeitos da pandemia no consumo nocivo de álcool e suas consequências à saúde.
“É muito comum as pessoas fazerem uso do álcool como uma espécie de remédio, como uma estratégia para alívio da tristeza e ansiedade. Na pandemia isso foi intensificado e, de fato, por ser uma droga depressora do sistema nervoso central, pode trazer um alívio imediato”, afirma a psicóloga, especialista em Saúde Mental e Substâncias Psicoativas e professora do curso de Psicologia do Centro Universitário UniFG, Miriã Lima.
Além da pandemia, estudos também apresentam fatores referentes à hereditariedade no abuso de álcool, bem como os fatores físicos, de desenvolvimento, psicossociais e comportamentais relacionados ao uso da bebida por jovens.
Segundo a psicóloga, é de suma importância que todos fiquem atentos aos sinais mais evidentes do consumo exagerado de álcool, que estão descritos na Classificação Internacional de Doenças (CID-10): desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância; dificuldade em controlar o comportamento de consumir o álcool; estado de abstinência diante da falta da substância; aumento de doses; evidência de tolerância; abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso do álcool; persistência do uso mesmo diante de prejuízos vivenciados tanto na saúde, como nas relações familiares e no trabalho.
“O uso abusivo e contínuo é muito prejudicial e pode trazer maiores comprometimentos para saúde mental, potencializando a depressão, ansiedade e até mesmo aumentar o risco de suicídio. A saúde mental requer cuidados para além de um alívio imediato. Isso mostra a necessidade de fortalecer as ações de cuidado na saúde mental e desmistificação do preconceito que impedem as pessoas de buscarem ajuda”, pontua a especialista.
Lima chama a atenção para o fato de que o consumo de álcool tem se iniciado cada vez mais cedo, o que contribui para a gravidade do problema de saúde pública. “Vale ressaltar que os estudantes universitários estão vulneráveis ao aumento do consumo de álcool. Diante dessa realidade, o tema precisa ser mais discutido nos espaços universitários e nas políticas públicas visando a implementação de programas de prevenção, guiados por evidências científicas nos diversos contextos. Precisamos unir esforços para a busca de modelos de proteção e produção de saúde, reconhecimento do sujeito que faz uso enquanto pessoa, e na desmistificação dos estigmas associados ao consumo”, finaliza a professora da UniFG.