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Diante de Deus sou o que sou

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Eu encontro Deus ou Ele me encontra? Nesse caminho há sempre duas vias. O Ser humano que sai em busca e Deus que vem ao encontro. É um movimento de duas liberdades. Da parte de Deus sempre há desejo de encontro, mas o ser humano pode se fechar. Por isso, dá para dizer que a iniciativa do encontro é sempre de Deus, que coloca em todos os corações humanos o desejo de encontrá-lo. Nos dias de hoje, muitas pessoas esqueceram Deus e já não desejam encontrá-lo. Isso diz o teólogo e bispo italiano, Bruno Forte, que afirma que o problema de hoje não é de as pessoas esquecerem Deus, mas, de que, muitos esqueceram Deus e não se preocupam mais com esse esquecimento. Contudo, Deus continua querendo encontrar todos os seres humanos. Ele não desiste de buscar os homens e mulheres.

O encontro com Deus pressupõe, porém, sempre encontro consigo mesmo. Precisamos perceber que a história, as pessoas, os relacionamentos, as decisões nos marcam positivamente ou negativamente. Se marcam positivamente encontramos alegria e satisfação pela memória desses acontecimentos e cada retorno a essas memórias é fonte de energia e superação. A apresentação bem feita na escola, a formatura, o encontro com a pessoa amada, o casamento, a viagem, o início da empresa, as vitórias, as superações, são exemplos de memórias positivas.  Se marcarem negativamente forma-se uma ferida que pode acompanhar a vida por muito tempo. Se eu encarar essa ferida como minha, ocupar-me dela, buscar saber os motivos que a formaram, olhá-la com amor, então poderei perceber que essa ferida me tornou mais humano e sem ela não seria quem sou. Crie em torno da minha ferida um pensamento de cura. Reeditei memórias negativas, criando pensamentos de vitória a partir dos fracassos. Muitas pessoas tentam esconder ou negar essa ferida e, por isso, vivem com medo, com irritação e agressividade ou ainda se tornam apáticos diante da vida. Quando a vida se apresenta difícil e as feridas que foram sendo construídas em nossa história continuam a doer e nós não as encaramos para curá-las, não há encontro conosco mesmos e, muito menos, com Deus.

Quase sempre pensamos que para encontrar Deus precisamos estar limpos diante dele. Que precisamos viver uma impecabilidade absoluta e só assim somos dignos de Deus. Essa compreensão não condiz com a realidade humana. Nós somos pecadores e limitados. Há sempre em nós o lado sombrio, feio, débil, que normalmente, queremos esconder dos outros, de nós mesmos e de Deus. Ocorre que é exatamente ali, onde nos sentimos mergulhados na lama, o lugar do nosso encontro com Deus. Quando nos apresentamos a Ele na humildade e com nossos lados sombrios, podemos fazer um encontro verdadeiro e restaurador com o Seu amor. Aquilo que era feio e débil é então o que nos torna fortes e serenos pela acolhida da graça que nos alcançou. Por isso, encontrar Deus é sempre encontrar-se consigo mesmo. Lá onde eu não queria encontra-me comigo mesmo, lá onde estava a minha fraqueza e minha sombra, Deus me encontrou. Me deixei encontrar e percebi que sou o que sou diante Dele. Eu sempre filho e Ele sempre Senhor.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745