redacao@jornaldosudoeste.com

Doutora em Geologia fala sobre combate ao racismo na área da ciência

WhatsApp
Facebook
Copiar Link
URL copiada com sucesso!

Ouça Adriana Alves no podcast Ciência: Mulheres negras dão o tom

Por Beatriz Arcoverde e Fran de Paula

Neste mês de novembro, a Radioagência Nacional traz histórias de cinco mulheres negras incríveis que contribuem para a pesquisa nacional nas mais diversas áreas de conhecimento e que ainda atuam na luta por direitos humanos e contra o racismo.

Hoje, contamos a trajetória de Adriana Alves, professora da área de Geologia da Universidade de São Paulo, USP, há mais de dez anos. Seu trabalho está focado na mineralogia e petrologia ígnea, que é um ramo da geologia que se dedica a entender como as rochas evoluem, desde a sua geração como magma vulcânico, até a sua solidificação como rocha. Sua pesquisa investiga a Província Magmática do Paraná e como ela influência nas mudanças climáticas:

“Essas províncias se formam mais ou menos em um milhão de anos. Então, as lavas trazem muitos gases: CO2, enxofre, cloro, flúor, e tudo isso é descarregado para a atmosfera. Quando essas lavas chegam à superfície em quantidades muito grandes, para que o equilíbrio seja restabelecido, porque o tempo é muito curto, então, o clima desanda completamente. Hoje, a gente credita três das cinco extinções em massa à atividade vulcânica. Então, a pergunta nasce do porquê que essa província, apesar de ser tão grande, tão vasta, tão volumosa, não causou uma extinção em massa como a gente vê para as outras. Então, passamos a discutir justamente os que são os desencadeadores da mudança climática, que são os gases.”

Em paralelo à trajetória de cientista, Adriana trilha um caminho de defesa dos Direitos Humanos e de combate ao racismo na ciência. Ela já foi coordenadora do Escritório USP Mulheres.

“Cheguei a ir para a pró-reitoria recém-criada, para a Reitoria de Inclusão e Pertencimento na Área de Diversidade, e o que eu vi era um trabalho imenso a ser feito com poucos recursos, uma equipe pequena. Então, o desafio era muito maior.”

 Esse período trouxe à tona algo que pode ser sutil, mas que pode ser também um empecilho para o desenvolvimento e o avanço das mulheres, e das mulheres negras em especial, na carreira científica: o tempo de luta, de afirmação, pode tirar um tempo valioso da pesquisa.

Adriana, além de tudo, é mãe da Flora e da Serena. Ela se programou para a chegada das filhas, que já passaram muitos momentos no laboratório com a mãe cientista.

Mãe, cientista, professora, defensora dos direitos humanos… Adriana acredita na mudança. Tem visto na USP, que adotou o sistema de cotas raciais somente em 2017,  uma pequena revolução. E se emociona com os alunos e alunas negros e negras que estão tendo oportunidade de ocupar o espaço acadêmico. Transcrição do episódio

Foto: © Arte EBC

Deixe um comentário

Jornal Digital
Jornal Digital Jornal Digital – Edição 746