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Drauzio Varella diz que médicos que transmitem informações erradas sobre Covid-19 devem ser punidos por órgãos fiscalizadores da profissão

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Médico considera que Brasil está atrasadíssimo na aprovação da vacina e que esquemas diferentes de vacinação por estados não são a melhor opção. E que o País é o campeão mundial da confusão no combate à Covid-19

 

Por Ascom/MediaTalks

 

Em live promovida pelo MediaTalks na tarde do último dia 10, o médico Drauzio Varella disse que os Conselhos de Medicina do País estão sendo omissos ao não punir médicos que se manifestam publicamente defendendo conceitos cientificamente errados ligados à Covid-19. Ele citou o exemplo da atuação do conselho norte-americano, que suspendeu por vários meses o registro de um médico que insistia em não usar a máscara em locais públicos:

“Devido ao seu conhecimento técnico, os médicos têm muito mais responsabilidade do que qualquer outra pessoa de se manifestar corretamente sobre a pandemia. Não consigo entender as motivações de alguns. E nem a omissão dos órgãos de classe, que têm a obrigação de zelar para que isso não aconteça”.

O comentário foi feito durante a discussão sobre os prejuízos causados pela desinformação no combate à pandemia. O especialista defendeu que a liberdade de expressão não pode ser usada como pretexto para a veiculação de desinformação e que seus autores devem ser responsabilizados quando o erro for comprovado pelos fatos e dados disponíveis.

Emmanuel Colombié, diretor da Repórteres sem Fronteiras para a América Latina, que também participou do encontro, reforçou a importância da educação midiática, um esforço coletivo de toda a sociedade. Natália Leal, diretora da agência de checagem Lupa, fez um apelo para que as pessoas pensem duas vezes antes de transmitir informações que recebem pelas redes sociais, como áudios de pessoas que não se identificam, que podem ser encaminhadas às agências verificadoras.

“Vacina melhorará o quadro gradativamente, mas 2021 será igual a 2020”

Drauzio Varella avalia que o Brasil está atrasadíssimo na aprovação da vacina, e que ficou dependente da Sinovac e da desenvolvida por Oxford. Mas acha que as outras vacinas, que dependem de conservação em temperaturas negativas, deveriam ter sido consideradas desde o início, com o apoio da iniciativa privada para a sua distribuição. Observou que sem coordenação e unidade será mais difícil imunizar toda a população, e que as diferentes opções de vacinação por estados não é a melhor opção.

“O Brasil tem experiência em vacinar a população, tem condições de produzir vacinas e ninguém imuniza de graça como faz o SUS. O problema é que cada estado quer fazer de um jeito e não há chance de dar certo dessa maneira. No que diz respeito ao combate à Covid-19, o Brasil é o campeão mundial da confusão”.

“Se pessoas não tomarem a vacina, a pandemia não vai passar”

O médico disse também que as pessoas devem se conscientizar de sua responsabilidade em tomar a vacina e que devem fazer isso assim que ela estiver disponível. Ele lembrou da época em que atuou com a população carcerária do Carandiru. Havia um consumo generalizado de cocaína injetável, associado à proliferação da Aids.

Os viciados consideravam que tinham o direito de fazer o que quisessem com suas vidas. Até que o médico passou a argumentar em palestras que o vírus da Aids poderia ser passado para as esposas em visitas íntimas, e daí para o resto da família. O resultado foi que o consumo cessou não só na penitenciária, mas em toda a periferia.

“Da mesma forma, se as pessoas não tomarem a vacina, o vírus vai continuar circulando entre nós indefinidamente, contaminando outras pessoas e até os familiares. Quem não tomar, tem o direito de ficar passando a doença para os outros? A vacina não é uma salvação instantânea. A melhoria será gradual e 2021 será igual a 2020. Se tudo correr bem, com menos mortes. Mas teremos que continuar com todos os cuidados que estamos tomando agora, até que a vacina permita que a população ganhe imunidade, o que é um processo lento.”

“Não houve uma campanha nacional de informação. Sem a imprensa estaríamos perdidos”

Dauzio Varella enfatizou que desde o início da pandemia não foi veiculada nenhuma campanha governamental com esclarecimentos sobre a doença, o que abriu caminho para a desinformação.

“Desde o início da pandemia estava claro que não se podia aglomerar. Quase um ano inteiro se passou, com grande carga de sofrimento mundial, e as pessoas continuam se manifestando contra até hoje. Por quê? Porque não é agradável. E daí disseminam as fake news. Se não fosse a imprensa explicando quais os cuidados a tomar, estaríamos perdidos. Tenho um grande respeito pelo trabalho dos jornalistas. A falta de compreensão sobre a importância desse trabalho parte de uma minoria insignificante.”

 

Foto de Capa: Divulgação.

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