Eu queria dar conta de falar a dor de ver vidas interrompidas tão precocemente.
Como é terrível ver “a cortina se fechar quando no palco ainda se atua.”
Eu queria ser safa o suficiente para tocar em um mesmo assunto de um jeito diferente em tão pouco tempo.
Mas não sei como fazê-lo.
Mesmo assim, por mais que eu tente não tem como deixar de fazê-lo hoje.
Eu queria, sinceramente que eu queria, já que não sei o que dizer, poder dar um abraço silencioso em cada um que sofre por ter perdido um querido neste dia.
Um abraço sem palavras.
Falar pra quê?
Falar o quê?
A dor que corta o coração, só quem está sendo dilacerado conhece.
Por mais que você já tenha perdido, sofrido, nunca saberá como é a dor que o outro sente.
Não faz sentido a frase:
“Eu sei o que você está sentindo.”
Não sabe.
Ninguém sabe a dor que vai no peito de cada um.
Ninguém sabe e nunca saberá.
A dor é imensurável e cada qual conhece o que é só seu.
Conhece quem perdeu, do que sentirá falta.
Como não sei usar palavras nessas horas, copio as que me servem de consolo:
“E Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte; nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque as primeiras coisas são passadas.” Apóstolo João, na Bíblia, no livro do Apocalipse Capítulo 21 verso 4.