A crise sanitária em função do novo Coronavírus (Covid-19) atingiu em cheio todos os espaços de nossa sociedade, e fatalmente todos os setores da economia. Com os processos governamentais de exigências do distanciamento social, obedecendo as regras estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as pessoas também diminuíram substancialmente o acesso aos bens de consumo, o que naturalmente deixa o mundo fornecedor dos mesmos em estagnação econômica.
Ao diminuir a circulação de pessoas nas cidades, ao diminuir os espaços de trabalho que sustenta a sociedade, ao diminuir a renda básica de maioria da população, principalmente aquela que depende do setor informal, uma grande preocupação vem à tona. Não são somente os trabalhadores/as que estão perdendo com a pandemia, mas também os próprios instrumentos de geração do trabalho que sustenta a economia, que gera emprego e renda, que faz a roda da sociedade funcionar do ponto de vista econômico.
Como as coisas não podem, e jamais devem parar, principalmente o setor econômico, os atores responsáveis pelo funcionamento de toda a estrutura social e econômica são chamados a infalivelmente apresentarem soluções viáveis e que sejam também sustentáveis em longo prazo. Uma coisa é certa a pandemia não será eterna, e depois dela a própria economia deve voltar a sua normalidade.
É certo que as teses que norteiam a coordenação do governo brasileiro hoje têm em suas premissas centrais a diminuição substancial do tamanho do Estado na economia. Porém, a crise do novo Coronavírus veio demonstrar que toda e qualquer sociedade só sobrevive a qualquer grande crise com um Estado forte do ponto econômico.
Se o mundo dos negócios e do trabalho entra em crise com a preocupação de mortes pelo novo Coronavírus, para que a sociedade funcione e para que o dinheiro circule para a economia não estagnar, cabe ao Estado agora distribuir de forma planejada o dinheiro que é do povo que ele coordena, para o próprio povo e para os setores da economia que faz a roda da sociedade funcionar. E tudo isso exige planejamento e também responsabilidade fiscal.
Não estamos nesse momento de crise sanitária e econômica sob o jugo de nenhum projeto político ou ideológico de qualquer grupo de interesse da sociedade. Nesse momento estamos sob o perigo de uma pandemia grave, tanto no campo da Saúde Pública, como no campo dos negócios e das necessidades básicas de seres humanos, que agora mais do que nunca precisam da intervenção do Estado brasileiro.
Não existe mais tempo para raciocinar além da conta, e quem pensar demais se não morrer de Covid-19, sucumbirá fatalmente de idiotice política. Nesse momento o Estado deve afirmar substancialmente seu papel de mantenedor da nossa sociedade. Aos atores governamentais não cabe outro papel senão o de “guarda-chuva” do povo brasileiro. Agora o dinheiro que é do povo tem que ser devolvido de forma planejada ao próprio povo. Esse é um dos instrumentos de salvação de nossa economia, e que o próprio Estado que crie as condições legais e constitucionais para ter os recursos necessários para tanto.
(Publicado originalmente no jornal “Noite e Dia”)