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Ecumenismo e cabo de enxada

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Em Crônicas e Entrevistas (Editora Elevação, 2000), escrevi:

A missão da Legião da Boa Vontade é: Desenvolvimento Social e Sustentável, Educação e Cultura, Arte e Esporte — tudo isso com a imprescindível Espiritualidade Ecumênica —, para que haja Consciência Socioambiental, Alimentação, Segurança, Saúde e Trabalho para todos os seus componentes, bem como se desperte neles a Cidadania Planetária. Sob essa firme bandeira, a LBV tem se notabilizado por sua contribuição no campo do Ecumenismo. Na década de 1950, o famoso filósofo e sociólogo italiano Pietro Ubaldi (1886-1972), analisando as bases sobre as quais fora erguida, afirmou: “(…) No caso presente, encontramo-nos perante uma unificação movida pelas forças do tipo sadio, impulsionadas em direção evolutiva, porque são elas dirigidas por um ideal que as coordena. Congregar os bons, respeitando as consciências, isto é, a religião e o patrimônio espiritual de cada um, é indiscutivelmente um alto ideal — um princípio de coesão novo na História e realmente moderno. E o fato de estar a quente alma brasileira respondendo ao apelo demonstra que o Brasil se colocou, também nisso, na vanguarda do mundo, e que, neste ideal, há algo substancioso que corresponde às novas exigências dos tempos, satisfazendo aos desejos espirituais de muitos. De outro modo, não se realizam essas aprovações coletivas e essas correntes de massa”.

Estabelecer uma nova cultura planetária 

Victor Hugo (1802-1885) advertia: “Mais poderosa do que todos os exércitos do mundo é uma ideia cujo tempo tenha chegado”.

Para abrir caminhos de entendimento, temos constantemente pautado nossa lide por um Ecumenismo amplo, que se faça sentir em todos os campos da vida humana.

Ele precisa ser praticado não somente no meio religioso, mas em todos os demais, como cultura planetária. Realizar uma eficiente revolução, ou, se preferirem, renovação que tenha a Solidariedade Universal como estratégia de sobrevivência de homens e mulheres civilizados. Assim, sermos ecumênicos traduz-se, por exemplo, em juntar forças e colaborar para o encontro das soluções do problema social. Deve exprimir-se também em um conceito irrestrito que se corporifique, na Terra, a partir da compreensão de que — se somos antes de tudo Espírito, criados, portanto, espiritualmente, à imagem e semelhança de Deus (Gênesis, 1:27; e Evangelho, segundo João, 4:24), como ensinou o Divino Educador — apenas existe uma raça, a Raça Universal, constituída, sem distinção, por todos os Seus Filhos.

 

As nações também vomitam 

A importância da criatura humana, já tão vilipendiada, não pode desfazer-se na sociedade por causa de “grandes transformações modernas” como a globalização, que, se não iluminada pelo altruísmo, garroteia o sentido de cidadania, um direito do ser, que ele alcançará, mais dia, menos dia, de forma civilizada ou por meios desagradáveis, porque as nações também vomitam. Basta ler a História. Aliás, que valor moral têm leis que menosprezam os direitos legítimos dos cidadãos? Reformas que arrastem multidões à paupérie precisam com urgência ser… reformadas. Por isso, juntemos ao esforço da mente, o das mãos; à filosofia, o cabo da enxada. De pouco adianta pregar para quem tem fome.

 

É preciso eliminar o ódio 

Eliminemos tudo o que costuma pelo ódio dividir, segregar com rancor os homens em grupos que interminavelmente se temem e, portanto, se digladiam. Aquilo que, por processos mil, mantém as massas como que hipnotizadas numa escravatura que se prolonga pelas regiões sombrias do analfabetismo das letras, da ética e do Espírito se opõe ao mandamento supremo da confraternização. E isso provoca a exclusão de tanta gente que possui o lídimo direito a uma vida distante da indigência espiritual ou física.

Frequentemente temos explicado que a conciliação pregada e vivida pela LBV e pela Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo não significa despersonalizar. Ou seja, respeita as diferenças, levando-nos a caminhar em concórdia e unindo forças pelo bem dos povos, sempre ameaçados por graves perigos que necessitam ter um paradeiro, antes que nos vejamos surpreendidos por um destino funesto, construído por alguns, cuja ganância terá sido maior que o bom senso. As numerosas culturas são complementares, não necessariamente antagônicas. Tantas existem quantos são os graus de percepção dos seres que habitam nossa única morada, o planeta, que devemos preservar, porquanto a destruição da Natureza é a extinção da vivência terrena.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745