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Efervescência do mal

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Sexta-feira um pouco quente, de muito sol aqui em Lisboa, neste 22 de maio. A luz única da cidade brilhou mais do que nunca, debaixo do céu azul de brigadeiro, resultado da parceria do sol com o espelho de água do Tejo. Mas no Brasil as coisas pegaram fogo. Este final se semana promete. Vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, citada pelo ex-Ministro da Justiça, foi liberado pelo Ministro do Supremo, Celso de Melo. Foi aberta a Caixa de Pandora e é inacreditável o baixo nível e as barbaridades ditas, o descaso com a pandemia e com instituições, com pessoas e com a vida. O governo do Brasil se revela, com a retirada do sigilo dessa reunião, um antro pior do que se pensava. Enquanto isso, por causa do descaso com que se trata a pandemia, o Brasil está com mais de mil mortes por dia.
Mas tem mais; um youtuber que se diz psiquiatra, mas sem registro, segundo as entidades que regulam a área, mas tem mais pinta de psicopata, da ala mais radical do bolsonarismo, diz que é candidato do presidanta a ser o novo Ministro da Saúde brasileiro. O nome do maluco é Ítalo Marsilli. Uma subcelebridade da internet por causa dos seus vídeos bizarros. Melhor nem dizer mais nada, pesquisem o sujeito na internet.
Hoje, também, revelou-se que a revista Lancet, uma revista científica sobre medicina, conhecida e respeitada em todo o mundo, publicou estudo feito com 96 mil pacientes que aponta para o aumento do risco de morte com o uso da cloroquina no tratamento de doentes com o novo coronavírus. É bom lembrar que no Brasil é oficial, agora, a recomendação, pelo Ministério da Saúde, o uso da cloroquina, por insistência do presidanta. Pois conversando com o nosso convidado de honra de ontem, que é um grande escritor angolano, ele nos dizia, também, da terrível experiência que é tomar a cloroquina. São três dias de mau estar. Ele já foi medicado mais de uma vez com a substância, pois é um fármaco usado para prevenir e combater a malária, uma doença que ainda persiste na África. Nunca havia falado com uma pessoa para a qual já tivesse sido administrada a cloroquina, mas agora sabemos de alguém fez uso da droga e sabe dos seus efeitos. E são terríveis. Eu tinha até alguma esperança de que um estudo sério fosse apresentado com a conclusão de que a cloroquina fosse eficiente e segura contra o coronavírus, mas infelizmente não é esse o resultado que tem se confirmado.
Trabalhando um bocado na edição de aniversário da nossa revista SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA, que completa 40 anos de circulação neste mês de junho, a mais perene do gênero. A preparação do material está quase pronta e poderei enviar para a editoração ainda no final de semana. Em junho, estará no ar.
Paparicamos o neto Rio, o nosso queridão, que está cada vez mais transbordando de fofura. Altos papos, altas discussões em seu bebenês fluente. O nosso anjo da guarda. E pra terminar o dia, fomos fazer compras no Corte Inglês, com máscaras, é claro, e aproveitamos para admirar os jacarandás, pelo caminho, cada vez mais floridos em Portugal. Aqui no Largo do Carmo, em Lisboa, está soberbo. Logo ali na Praça do Rossio, idem. E no Parque Eduardo Sétimo, então, está esplendoroso. Lisboa está mais bonita ainda.
Mes amis, cuidem-se. Máscaras, álcool gel, sabão, distanciamento social e só sair de casa se necessário. Não vamos dar mole para o coronavírus. O fim do isolamento não quer dizer o fim da pandemia. Pelo contrário.
Leiam, diariamente, o meu Diário da Pandemia, na minha página do Face e na página do Grupo Literário A ILHA.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745