2019 está apenas começando e, faltando pouco mais de seiscentos dias para a data provável das eleições municipais previstas para o próximo ano, as movimentações visando a sucessão municipal de Brumado têm ganhado prematura intensidade. Assim como em outros municípios da região, mas de forma mais escancarada, a movimentação nos bastidores da política brumadense estão intensas, e dessas articulações e da publicidade de intenções já surgem vários nomes como potenciais candidatos à cadeira hoje ocupada não apenas pelo prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB), mas também a do vice-prefeito Édio – Continha – da Silva Pereira (PCdoB), tanto dentro do núcleo político liderado pelo socialista como em grupos de oposição. O que tem chamado a atenção, considerando que o prefeito já teria manifestado intenção de disputar a reeleição, é o surgimento de nomes de destaque que militam na base de sustentação política do Governo Municipal que demonstram intenção de pleitear a vaga de candidato na chapa majoritária governista, com ou sem a presença de Eduardo Vasconcelos, o que sinaliza para uma eventual disputa interna.
Nesse cenário, no núcleo político liderado por Vasconcelos, pelo menos dois nomes já se movimentam para consolidar-se como eventuais candidatos a prefeito ou vice-prefeito com apoio do gestor em 2020. São os vereadores Leonardo Quinteiro Vasconcelos (PDT) e a vereadora Ilka Nádia Souza Vilasboas Abreu (PR). Além deles há o nome do ex-chefe do Gabinete Civil do Governo Eduardo Lima Vasconcelos (2009/2012), ex-vereador e suplente de deputado estadual Márcio Moreira da Silva (Patriota), que é o preferido do prefeito para disputar a sucessão municipal do próximo ano como candidato a prefeito ou a vice-prefeito. No final do ano passado, segundo uma fonte do JS, um dos mais próximos interlocutores do prefeito disse que Vasconcelos já estaria trabalhando com uma eventual candidatura à reeleição tendo Márcio Moreira como companheiro de chapa com a proposta de, vitorioso, renunciar em 2022 para disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado ou Câmara Federal. O certo é que, se passar pelo crivo do atual prefeito, quem goza desde sempre da preferência é o suplente de deputado estadual Márcio Moreira da Silva (Patriota). Haveria, inclusive, segundo fontes do JS com livre trânsito no Paço Municipal, a intenção do prefeito de reescalar Márcio Moreira, caso não se confirmem as cassações de diplomas requeridas pelo Ministério Público Eleitoral da Bahia, que abriria uma vaga na Assembleia Legislativa para o brumadense, para voltar a comandar a Chefia do Gabinete ou uma Secretaria Municipal com mais visibilidade, a exemplo da de Infraestrutura, Serviços Públicos e Desenvolvimento Urbano. Márcio Moreira tem evitado os holofotes, mas nos bastidores, segundo apurou a reportagem do JS, tem se movimentado com discrição, mas sem negar que disputar a Prefeitura de Brumado esteja entre seus planos.
No grupo liderado pelo gestor, outro candidato, o vereador e presidente da Câmara Municipal Leonardo Quinteiro Vasconcelos (PDT), que vive uma relação de amor e ódio com seu primo [prefeito Eduardo Vasconcelos], alternando períodos de “devoção canina” – parafraseando o que disse o deputado federal Paulo Sérgio Paranhos de Magalhães (PSD/BA) sobre a relação dos liderados com o então governador Antônio Carlos Magalhães (à época no PFL, hoje Democratas) – a outros, de ferrenho opositor, demonstra que não pretende ficar parado e já se movimenta com desenvoltura na consolidação de sua liderança. Hoje fiel aliado do prefeito, o [por enquanto] pedetista Leonardo Vasconcelos acaba de subir mais um degrau na escala da política brumadense ao assumir o quarto – segundo consecutivo – mandato na presidência da Mesa Diretora do Legislativo Municipal, onde pretende consolidar a imagem de homem de confiança do socialista Eduardo Vasconcelos.
Também admitindo que a Prefeitura está no seu radar, a ex-vice-prefeita, vereadora Ilka Nádia Souza Vilasboas Abreu (PR) tem mandado recados endereçados não apenas ao prefeito Eduardo Vasconcelos como aos demais atores da política brumadense, apontando que não apenas ela, mas seu esposo, o também ex-vice-prefeito, médico Marlúcio Rodrigues Abreu (PP), avaliam (leia-se, são pré-candidatos) disputar a sucessão municipal. Segundo apurou o JS, a um próximo interlocutor, durante eventos festivos de final de ano, a vereadora republicana teria afirmado, literalmente, que pretende estar na mesa de discussão com o prefeito para escolha dos nomes que vão compor a chapa majoritária para sucessão municipal de 2020. “Esse nome também pode ser o meu ou o do Marlúcio [seu esposo, médico Marlúcio Rodrigues Abreu]. Só acho muito difícil que os nomes escolhidos sejam determinados ao grupo sem que haja uma ampla discussão”, teria dito a vereadora, acrescentando que o momento exige a necessidade de se buscar uma liderança com experiência política, que conheça a cidade e tenha bom trânsito em todos os segmentos políticos e da sociedade. Esse seria o perfil do médico Marlúcio Rodrigues Abreu que nunca escondeu sua pretensão de assumir a Prefeitura de Brumado.
Mais comedido e, segundo seus aliados políticos e pessoas que convivem com ele nas atividades sindicais, o atual vice-prefeito Édio da Silva Pereira (PCdoB) tem evitado fazer comentários em relação às movimentações políticas em torno de eventuais candidatos à sucessão municipal de 2020. Demonstra, no entanto, estar plenamente convencido que dificilmente terá seu nome confirmado em uma eventual chapa majoritária encabeçada pelo prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB).
O comunista sabe que o clima amistoso e a delegação de missões [sempre as mais espinhosas e que exigem a presença de um político experiente e bem articulado] que têm marcado sua convivência no ninho liderado pelo prefeito é uma estratégia para não comprometer a gestão. Diferentemente dos dois últimos vices do prefeito Eduardo Vasconcelos [o hoje petista José Luiz Alves Ataíde (2005/2008) e a hoje vereadora Ilka Nádia Souza Vilasboas Abreu (2009/2012)], que foram ignorados pelo gestor e acabaram rompendo com a Administração Municipal, o comunista Édio Pereira tem luz própria e, mais que isso, uma estrutura [a do Sindicato dos Mineradores de Brumado e Micro região, do qual é presidente] que poderia, em caso de um eventual rompimento, comprometer a governabilidade e liderar uma oposição capaz de inviabilizar a gestão. Eduardo Vasconcelos, perspicaz, sabe disso e tem procurado acomodar as diferenças e manter seu vice no seu raio de ação. Discípulo de Maquiavel, Eduardo Vasconcelos sabe o quanto é verdadeiro um dos ensinamentos do fiorentino, que diz: “(…) os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos atos a que a necessidade os constrangeu”. E, até por isso, não apenas neutralizou, até aqui, qualquer possibilidade do vice Édio Pereira rebelar-se contra as propostas e ações que materializou nesses dois anos de gestão, como o tem obrigado a defendê-lo em situações nas quais precisa de um aliado com a reputação do comunista.
Ainda nas hostes do grupo liderado por Eduardo Vasconcelos, correndo por fora, segundo analistas políticos muito por fora, aparece o Procurador Geral do Município, advogado Acioli Viana Silva, cujo nome, respeitabilíssimo e com livre trânsito em todos os setores políticos e sociais da cidade, também é citado como uma possibilidade para composição da chapa majoritária no próximo ano. O JS apurou que ele já teria admitido cultivar o sonho de ser prefeito um dia, embora esteja consciente que hoje esse é um sonho temperado por boa dose de realismo e que tem ainda uma estrada a percorrer para ter seu nome avalizado pelo grupo do prefeito. Para analistas políticos ouvidos pelo JS, a disputa para compor a chapa majoritária em 2020 na seara do prefeito será mesmo entre Márcio Moreira e Leonardo Vasconcelos.
Nas hostes dos grupos que hoje fazem oposição ao Governo Municipal, além do Partido dos Trabalhadores que se especializou nessa missão em Brumado nos últimos anos, há duas correntes. Uma, mais realista, defende que a legenda faça uma ampla aliança com setores mais alinhados aos projetos que defende e estaria conduzindo as articulações para que os petistas possam apoiar a candidatura do médico e ex-prefeito Geraldo Leite Azevedo (Sem Partido) – que embora esteja se movimentando nos bastidores para a desenvoltura de quem pretende viabilizar a candidatura, nega a pretensão – ou do deputado estadual João Vitor de Castro Lino Bonfim (PR), ou ainda, uma chapa composta pelos dois políticos. Esse grupo sofre a resistência de uma ala mais radical e que, embora consciente da falta de capilaridade eleitoral na cidade, defende uma candidatura própria. Nesse caso, o nome colocado seria o do vereador José Ribeiro Neves, que tem sido o mais combativo oposicionista da gestão do socialista Eduardo Vasconcelos. Voz solitária na oposição na Câmara Municipal, José Ribeiro Neves, apesar de ser bem avaliado, dificilmente, consideram analistas políticos, teria força para construir um consenso entre as lideranças que não seguem a orientação do prefeito para construir uma chapa com possibilidade real de vitória nas eleições de 2020. Pesa ainda contra as pretensões dos petistas mais radicais o desgaste da legenda em razão dos recorrentes escândalos de corrupção que tem como protagonistas nomes de expressão da cúpula petista, o que poderá respingar em uma eventual candidatura do partido para disputa da sucessão municipal, mesmo o candidato sendo um político de reputação até então ilibada, como o vereador José Ribeiro Neves.
Outros nomes dos grupos que não estão alinhados com o prefeito Eduardo Lima Vasconcelos também já despontam no tabuleiro das especulações e articulam a composição de uma chapa majoritária com chances de vencer as eleições do próximo ano. Entre eles aparecem o ex-vereador e médico Alessandro Lôbo e Silva (PRB), que tem como seu fiel escudeiro um articulador de rara habilidade, o advogado e ex-vereador Weliton Lopes do Nascimento (DEM). Segundo fontes do JS, com livre trânsito no grupo que se articula em torno do médico Alessandro Lôbo, se enganam os que estariam rifando antecipadamente uma eventual pré-candidatura do republicano à Prefeitura de Brumado, considerando a derrota que sofreu em 2016. Essas mesmas fontes afirmam que Alessandro Lôbo estaria animadíssimo e trabalhando nos bastidores para buscar a unidade das oposições e construir uma chapa forte, com reais chances de vencer a disputa.
Também aparecem na “bolsa de apostas”, entre outros, o nome do auditor fiscal e ex-secretário municipal de Administração e de Finanças de Brumado e de Jequié, respectivamente, que disputou uma cadeira na Câmara Federal em 2018, Luís Carlos – Carlinhos – Moura Matos (PTC). Em que pese sua experiência e comprovada capacidade como gestor, o trabalhista cristão tem contra sua pretensão a pouca densidade eleitoral da legenda e a ausência, no grupo, de nomes com capacidade de aglutinação quando se fala em potencial para disputas eleitorais. Luís Carlos – Carlinhos – Moura Matos não esconde sua disposição de disputar a Prefeitura de Brumado e tem revelado satisfação em ter seu nome entre os possíveis candidatos à sucessão municipal de 2020. “(Uma eventual candidatura) Se está for a vontade da população e o entendimento do grupo, estarei à disposição”, aponta o trabalhista cristão, acrescentando que, por não se tratar de um, projeto pessoal, não pretende impor nada e tampouco incorrer no erro que foi cometido pela oposição nas duas últimas disputas eleitorais do município, que acabaram, segundo destacou, favorecendo o grupo do atual prefeito.
Ao destacar a necessidade de renovação na política local, Luís Carlos – Carlinhos – Moura Matos justificou os motivos pelo qual seu foco para 2020 deve ser na Prefeitura. “Por que estou focado na disputa pelo Executivo Municipal? É por que é no Executivo que as coisas acontecem. Estou convencido, que se não modificarmos o Executivo não vamos contribuir para melhorar a situação atual. 2020 será a hora de Brumado determinar o seu futuro e naquilo que eu puder colaborar e conseguir unir forças para colaborar, seja candidato ou não, estou pronto e à disposição”, pondera o trabalhista cristão, confirmando que tem conversado e está mantendo contatos com representes de diversos segmentos organizados da sociedade, discutindo problemas e construindo uma proposta que tem como prioridade a retomada do protagonismo de Brumado que segundo revela, nos últimos anos, por força de disputas políticas rasteiras entre os dois grupos que se revezam no poder nos últimos quase quarenta anos, foi perdida principalmente para Guanambi. “Estamos dialogando e buscando alianças que viabilizem não um nome, mas um projeto de desenvolvimento para Brumado”, diz Luís Carlos – Carlinhos Moura Matos.
Outro que tem sido citado como possível pré-candidato à sucessão municipal de 2020 em Brumado é o servidor público e empresário Emanoel – Manelão – Lima Araújo (Patriotas), que disputou, sem sucesso, as três últimas eleições [2014 para deputado estadual, 2016 para prefeito de Brumado e 2018 para Câmara Federal]. Para uma fonte do JS, um de seus mais próximos interlocutores, confirmou que o empresário já estaria em campanha. “O que posso antecipar é que Manelão [Emanoel Lima Araújo] vem forte para a disputa da Prefeitura no próximo ano, já tendo, inclusive, o apoio de importantes representantes do empresariado e algumas parcerias já alinhavadas. Estamos certos de que Manelão vai para a disputa em condições de ganhar”, declarou.
Outro nome que já figura na listagem dos possíveis candidatos à sucessão do prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB) é o do servidor público e educador Genivaldo de Jesus Azevedo, da Rede Sustentabilidade. Ex-candidato a prefeito em 2016 e a deputado federal em 2018, Genivaldo Azevedo tem se destacado na condução da ONG Aucib – Auditoria Pública Cidadã Brumadense, que realiza um trabalho de fiscalização dos gastos públicos e tem sido responsável por uma série de denúncias aos Ministérios Públicos Federal e do Estado e à Polícia Federal, alguns dos quais, inclusive, já estão sendo alvo de procedimentos investigatórios.
Ao JS, por telefone, Genivaldo Azevedo confirmou sua pré-candidatura à sucessão municipal em 2020, ressaltando, no entanto, que a proposta que vai continuar sendo defendida é a da convergência entre os postulantes ao cargo pelas legendas de oposição para que se possa chegar a um nome de consenso com chances reais de vencer o pleito. “A divisão das oposições interessa apenas ao atual gestor”, pondera Azevedo, acrescentando que a prioridade da Rede e a proposta que defende é fazer, já a partir de agora, uma caminhada pautada no diálogo com os diversos atores do campo político e setores da sociedade. Genivaldo Azevedo, lembrando que é pré-candidato à sucessão municipal, diz que já está empenhado em construir um consenso em torno de ideias e que possa, principalmente, possibilitar que todas as correntes da oposição brumadense possam compartilhar de um projeto único e de um nome para disputa das eleições. “Se a fogueira de vaidades continuar prevalecendo, dificilmente vamos ter como derrotar o grupo do atual prefeito”, considerou Azevedo.
Surpresa nas eleições de 2018, o Partido Novo, liderado pelo candidato a presidência da República João Dionísio Filgueira Barreto Amoêdo, saiu muito fortalecido no Brasil. O Partido Novo, apesar de não ter conseguido eleger candidatos na Bahia, elegeu 8 deputados federais, 11 deputados estaduais 1 deputado distrital em seis Estados da Federação. Além disso, superou a cláusula de barreira, que estará valendo nas eleições de 2020. Como se não bastasse elegeu Romeu Zema Neto governador de Minas Gerais. Em Brumado, o Núcleo do Partido Novo que reúne empresários e profissionais de vários segmentos até então distantes do processo político-partidário com ideias voltadas para várias áreas do desenvolvimento econômico, Finanças Públicas, Saúde, Educação e Infraestrutura, já está trabalhando na formatação de propostas de um novo Plano de Governo para o município. Atentos ao movimento de renovação que atraiu boa parte do eleitorado em 2018 e que garantiu a eleição de nomes com pouca ou até então nenhuma visibilidade política, os coordenadores do Partido Novo de Brumado já estão de olho na sucessão municipal para 2020, mas não houve ainda discussões envolvendo nomes.
Segundo revelou ao JS um de seus principais articuladores, o administrador e servidor público Fernando Henrique Coelho de Oliveira, o grupo está debruçado na discussão de diversos temas relacionados à Administração Pública e deverá montar grupos de trabalho para detectar os problemas e apresentar alternativas e propor melhorias para as áreas da Saúde, Educação, Infraestrutura, entre outras, evidentemente já de olho nas eleições municipais de 2020. “Quando tivermos um nome para disputar a eleição queremos já ter um Plano de Governo pronto para ele (candidato) e para apresentar à população”, pondera Fernando Oliveira.
Fernando Henrique Coelho de Oliveira reforça que os prováveis candidatos a prefeito e a Câmara de Vereadores serão submetidos durante o corrente ano, ao processo seletivo previsto pelo Regimento Interno da legenda. Além do Executivo, o partido pretende apresentar nomes para conquistar boa parte das quinze vagas para o Legislativo que serão disputadas no próximo ano.
Fernando Oliveira destacou ainda dois Itens que considera fundamentais no processo para que o filiado possa ter sua candidatura homologada, a primeira é a exigência de que todos sejam ficha limpa; e o segundo, que assinem Termos de Compromisso firmado em Cartório com as propostas vinculadas a ideologia seguida pelo Partido. “Não é fácil ser do Novo. A pessoa que passa pelas provas é porque ela realmente quer alguma coisa. A intenção é que o candidato tenha realmente o perfil ideológico ligado a legenda, diferente da política tradicional na qual os partidos são apenas siglas e números utilizados de acordo com a conveniência do momento”, conclui Fernando Oliveira.
Em resumo, as eleições do ano que vem, em Brumado, prometem uma briga boa e os pretendentes a ocupar ou permanecer no cargo máximo do município já estão trabalhando em prol desse objetivo, o que se aguarda agora é a sequência de capítulos desta novela visando à disputa pelo comando da Prefeitura Municipal.
