Entre empreendedores no Brasil, 34% são mulheres. Mas ainda faltam incentivos financeiros para que elas consigam manter seus negócios
Criar um negócio, gerir, vender, empreender. Palavras-chave para quem, por vontade própria ou por necessidade, deixa as certezas da carteira assinada de lado e corre atrás do próprio sonho.
De acordo com o levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), este ano, cerca de 10 milhões de mulheres são empreendedoras no Brasil. Ainda segundo o estudo, mulheres representam 34% dos empreendedores do nosso país. A consultora de imagem Nara Moura faz parte desse grupo.
Funcionária de um jornal por 10 anos, a publicitária de formação tinha a segurança de uma carteira assinada e a tranquilidade de um salário fixo no fim do mês. Mas nunca amou o que fazia. Há dois anos criou coragem para mudar de carreira e, finalmente, se tornar empreendedora.
Passou mais de um ano se especializando em consultoria de imagem, fez cursos, estudou. O começo não foi fácil: trabalhou mais de 12 horas por dia, correu atrás de clientes e divulgou seu trabalho, superando todas as dificuldades.
“Estudo, dedicação e intuição. Uma equação bem feminina. O que fez toda diferença nessa transição de carreira foi a determinação. Quando resolvi que iria empreender, não houve nenhum dia que fiquei esperando algo acontecer. Eu fiz acontecer. Estudo, vontade, coragem e atitude, sem sombra de dúvida são ações que fazem com que o empreendedorismo saia do papel e, de fato, aconteça.” Explica a, hoje, empreendedora.
Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com instituições globais que incentivam a criação de negócios próprios sob o comando de mulheres, o Dia do Empreendedorismo Feminino (19 de novembro) levanta questões importantes sobre a participação da mulher no mercado de trabalho. A data promove o debate na sociedade sobre os desafios, as batalhas e as conquistas de mulheres que administram seus próprios negócios.
Segundo dados do Sebrae, do total de Micro Empreendedores Individuais (MEI) registrados no Brasil em dezembro de 2021, 46,7% eram do sexo feminino. E uma pesquisa feita pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora 2022 traz o perfil desta mulher: 60% delas se declaram negras.
Metade (50%) das mulheres pertencem à classe C. O levantamento mostra ainda que 55% delas estão no setor de comércio, ou seja, vendem produtos feitos por elas mesmas ou por outras pessoas. A pesquisa ainda perguntou às 3.386 mulheres o que elas achavam sobre o cenário político atual. Entre as entrevistadas, 70% responderam que gostariam de participar mais ativamente da vida política, até mesmo se candidatando a algum cargo público.
Para a deputada federal pelo partido Novo, Adriana Ventura, discutir empreendedorismo é fundamental porque vai além da renda, trata-se de liberdade. Segundo ela, “a mulher, quando consegue se sustentar sozinha, ela conquista um bem muito maior que ela poderia para sua vida, que é conquistar a liberdade. Ela se torna a dona do seu nariz, das suas discussões, da sua vida. Ensinar uma mulher a empreender é ajudá-la a ser livre e forte. O empreendedorismo é a saída orgânica para tão almejada igualdade entre gêneros”.
Entre as ações para melhorar a vida da mulher empreendedora, o congresso precisa discutir todas as propostas que possam ajudar a destravar a economia, como as reformas administrativa e tributária. Tornar o estado menos pesado, segundo a deputada, é a maneira mais eficiente para que os negócios consigam prosperar. Mas ela também sugere outras propostas.
“A gente precisa facilitar o acesso das mulheres ao crédito, por isso é preciso que mulheres, que são ótimas credoras, responsáveis, muitas são arrimo de família, a gente precisa que elas consigam pegar dinheiro emprestado para começar um negócio, para ampliar seu negócio. E que ela possa seguir assim. Então é muito importante que o Congresso faça um esforço para melhorar a vida dessa mulher que quer empreender.
Princípios de Empoderamento
A ONU Mulheres e o Pacto Global estabeleceram uma lista com sete Princípios de Empoderamento das Mulheres. A ideia é que funcionem como orientações para empresas que busquem estabelecer a equidade de gênero entre seus funcionários.
Conheça os sete Princípios de Empoderamento das Mulheres:
- Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.
- Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.
- Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.
- Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.
- Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing.
- Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.
- Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.