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Empresários do segmento de máquinas e equipamentos são os mais confiantes da indústria

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De acordo com a CNI, indicador que mede otimismo entre os industriais do ramo saltou 2,5 pontos entre julho e agosto, alcançando os 66,6 pontos

Por: Felipe Moura/Brasil61

Os empresários do segmento de máquinas e equipamentos são os mais confiantes entre todos os empreendedores da indústria. É o que indica o mais recente levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que analisou o otimismo dos industriais em 30 segmentos.

O segmento de máquinas e equipamentos encerrou agosto com 66,6 pontos no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI). Entre julho e agosto, teve alta de 2,5 pontos, sendo aquele que mais cresceu entre todos os segmentos. Na comparação com agosto de 2020, o ICEI de máquinas e equipamentos está 10,2 pontos acima.

Segundo o deputado federal Vitor Lippi (PSDB/SP), presidente da Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas e Equipamentos (FPMaq), o desempenho do segmento é positivo. No entanto, ele ressalta que os bons resultados ainda não são suficientes se comparados com o melhor momento da indústria nacional.

“É importante lembrar que o setor de máquinas e equipamentos passou por momentos muito difíceis, [assim como] toda a indústria nacional. Se o setor crescer ainda 15%, nós vamos chegar ‘no zero’ em relação a dez anos atrás. Passamos um longo período com praticamente nenhum crescimento, tivemos um crescimento negativo e, agora, com essa retomada do crescimento deste ano, melhorou a situação, mas ele ainda está bem aquém de dez anos atrás”, ressalta.

Investimento

Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o ramo é estratégico, porque difunde inovação e tecnologia para os outros setores produtivos, como a própria indústria, o agronegócio, o comércio e os serviços. Afinal, todos precisam de máquinas e equipamentos.

Ele destaca, em números, a importância do segmento para o País. “O setor de máquinas é o maior e também o setor que mais exporta na indústria de transformação, na ordem de 10 bilhões de dólares, e geramos perto de 370 mil empregos diretos e mais três vezes isso em empregos indiretos. Além de irradiar tecnologia para os outros setores, é um setor muito relevante na economia brasileira”, afirma.

De acordo com a Abimaq, o faturamento do segmento deve crescer 24% este ano na comparação com 2020. No ano passado, as empresas do setor faturaram cerca de R$ 174 bilhões. A projeção é de que, de janeiro a dezembro de 2021,
o montante alcance R$ 217 bilhões.

Velloso acredita que o otimismo entre os empresários do segmento se deve ao crescente aporte de investimentos no Brasil proporcionalmente ao Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de investimento no Brasil em relação ao PIB foi de 19,4% no primeiro trimestre.

“Quem compra uma máquina está fazendo investimento. Então se você quer saber se estamos indo bem ou mal, basta olhar a taxa de investimentos do Brasil. Nos últimos 30 anos, a taxa de investimentos média do Brasil é de 19% do PIB ao ano. No entanto, com a crise fiscal de 2015, esse índice encolheu e ficou entre 15% e 16% do PIB, até 2019. A taxa atual não é aquela coisa, mas estamos perto de 19%. Como o nosso setor é só investimento, isso impacta diretamente.”

Para a Abimaq, o avanço da imunização e a diminuição das restrições para a economia não devem melhorar, nem piorar, a curto prazo, os números do segmento de máquinas e equipamentos. “Não atrapalha e não ajuda. Logicamente que a vacinação é muito importante, mas o nosso setor nunca parou de trabalhar. Em todos os estados ele foi considerado estratégico. As fábricas funcionaram durante a pandemia”, explica Velloso.

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ICEI Setorial

Em agosto, o ICEI cresceu em 21 dos 30 segmentos da indústria analisados. Em dois setores não houve melhora, nem piora. Em sete houve recuo na confiança, mas em apenas um setor essa queda foi maior do que um ponto percentual.

Os empresários do ramo de máquinas e equipamentos são os mais confiantes. Em seguida vêm os empreendedores de químicos (exceto HPPC), produtos diversos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos e produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos). Mesmo os cinco segmentos menos confiantes estão consideravelmente acima dos 50 pontos, o que indica, portanto, que permanecem otimistas quanto à melhora da atividade industrial.

Doutora em desenvolvimento econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marilane Teixeira afirma que a confiança disseminada entre os empresários industriais é importante, porque é um indicativo de que os investimentos continuarão ocorrendo. No entanto, ela acredita que a retomada consistente da indústria e da economia, em geral, será mais lenta.

“Quando o setor se recupera parcialmente esse ano, na verdade está voltando aos patamares do início dos anos 2020, janeiro e fevereiro, antes da pandemia. Nós tivemos um processo de queda de produção e de emprego e o que está se fazendo agora é recuperar a capacidade já existente, a capacidade instalada e o emprego. Então você não está gerando novos empregos e não está ampliando a capacidade produtiva, você está apenas retomando uma atividade produtiva que foi interrompida durante todo esse período”, avalia.

Perspectiva

Para o deputado Vitor Lippi, o crescimento constante do ICEI nos últimos quatro meses é reflexo do aumento da demanda e, por consequência, da produção da indústria nacional na comparação com 2020. No entanto, ele acredita que a instabilidade política e a inflação podem frear o otimismo dos empresários industriais nos próximos meses. Nesta segunda-feira (20), o mercado financeiro elevou de 8% para 8,35% a expectativa de inflação para 2021.

O parlamentar destaca que o País deve se empenhar com a aprovação da reforma tributária, de modo que o ambiente de negócios no Brasil e o próprio sistema de arrecadação de impostos — ambos estão entre os piores do mundo, de acordo com o Banco Mundial — melhorem. “Essas são questões importantes que dizem respeito ao custo Brasil e que precisam entrar na pauta prioritária do governo. Essas discussões vêm ocorrendo dentro do parlamento e a gente espera poder enfrentar essas questões agora no segundo semestre para que a gente possa melhorar as expectativas para o ano que vem”, destaca.

Confiança

O levantamento também mostra que quanto maior o porte da empresa, mais confiantes estão os empresários. O ICEI das pequenas empresas encerrou agosto em 61,7 pontos, ante 62,5 pontos nas médias empresas e 62,9 pontos entre as grandes. O ICEI Setorial do mês de agosto contou com a participação de 2.383 empresas, das quais 949 são de pequeno porte, 860 de médio porte e 574 de grande porte.

 

 

Foto de Capa: José Paulo Lacerda/CNI

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