Por Gabriela Oliveira de Jesus
A Endometriose é uma doença silenciosa, dolorosa e difícil de diagnosticar em exames ginecológicos de rotina. Trata-se de uma doença inflamatória, provocada pelo desenvolvimento e crescimento de Estroma e Glândulas Endometriais fora da Cavidade Uterina que induzem uma reação inflamatória crônica.
Esse processo inflamatório provocado por essa descamação do Endométrio, que é a camada que reveste a parede interna do Útero, que em um Ciclo Menstrual Normal seriam eliminados na Menstruação, seguem outra direção, e podem ser encontrados, por exemplo, nos Ovários, nas Trompas Uterinas e Paredes Intestinais. Se não diagnosticada e tratada adequadamente a paciente pode vir a desenvolver complicações sérias como quadros de dores que reduzem a qualidade de vida e, inclusive, ser incapacitantes.
Entre os principais sintomas da doença estão: dor em forma de cólica durante o período menstrual que pode incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais; fluxo menstrual intenso; dor durante as relações sexuais; dor e sangramento ao urinar e evacuar, especialmente durante a menstruação; fadiga; diarreia e dificuldade para engravidar, inclusive, infertilidade atinge cerca de 40% das mulheres com endometriose.
A estimativa é de que uma a cada 10 mulheres sofra com os sintomas da doença e desconheça a sua existência. De acordo com dados Ministério da Saúde, em 2022 foram realizados mais de dez mil procedimentos hospitalares, inclusive internações, através do Sistema Único de Saúde (SUS), na Rede Pública de Saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 180 milhões de mulheres convivem com a doença.
Para falar sobre a doença, causas, grupos de risco, tratamento e prevenção, a reportagem do JS entrevistou a Médica Ginecologista, Obstetra e Sexóloga, Jacqueline Ferraz, Diretora Médica da Clínica Corpo e Mente, de Vitória da Conquista.
Confira os principais trechos da entrevista.
JORNAL DO SUDOESTE: O que é a Endometriose?
DRª. JACQUELINE FERRAZ: A Endometriose é um processo inflamatório onde as células da camada interna do Útero acabam saindo desse local e se implantam em lugares da Cavidade Abdominal. Pode ser nas Trompas, nos Ovários, na Parede da Bexiga, na Parede do Intestino ou então cair na circulação e atingir órgãos longe da região do Útero. Podendo atingir o Fígado, já teve um caso de escrita na literatura que a paciente desenvolveu um foco dentro da Endometriose no Cérebro. Pode atingir a Parede do Diafragma ou até na Parede do Rim, na Parede do Intestino. Então, são órgãos que muitas vezes não estão próximos do Útero.
JS: Quando, no Toque Ginecológico, aparecem sinais que sugerem a doença, como é confirmado o diagnóstico?
DRª. JACQUELINE FERRAZ: Olha, normalmente o diagnóstico é feito, em maioria, pela história clínica da paciente. E quando a gente faz o exame físico, no Toque Vaginal, ela pode sentir dor, tanto na região da Bexiga quanto na Parede da Vagina, como também no Reto. Mas o diagnóstico é feito principalmente pelos sintomas que a pessoa tem. Então quais são eles? Uma Menstruação muito intensa, um Ciclo Menstrual que dura muitos dias, uma cólica muito forte que é progressiva, pode começar desde a Menarca que é a primeira Menstruação que a mulher tem, e ir aos poucos intensificando. Hoje, a gente não espera desenvolver um foco de Endometriose muito grande para fazer diagnóstico. Por essa história clínica a gente já sugere que a pessoa tenha Endometriose. No caso de um diagnóstico por imagem, a Ressonância Magnética pode apresentar algum foco de Endometriose ou focos de processo inflamatório, a Ultrassonografia também pode dar sinais, principalmente se tem um foco de Endometriose no Ovário, formando Cisto Endometriótico ou processo inflamatório em volta dos Ovários, em volta do Útero, na Parede da Bexiga e também a gente pode fazer um diagnóstico com a Ultrassonografia para pesquisa de Endometriose Profunda, que vai usar um Transdutor via Vaginal, mas que também vai olhar a Parede da Bexiga, a Parede do Reto, usando um lubrificante que ajuda a distender essa essas regiões para poder visualizar melhor a região, principalmente da Parede da Bexiga, da Parede do Reto.
LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 717 DO JORNAL DO SUDOESTE, ACESSANDO O LINK: https://www.jornaldosudoeste.com/jornal-digital-edicao-717/