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Engolindo Batráquios

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Eu, assim como você, tenho certeza, já ouvi falar em engolidora de fogo.

Aquelas moças que ficam onde bem entenderem engolindo fogo como quem engole balas.

Eu, assim como você, tenho certeza, já ouvi falar em engolidora de espadas.

Aquelas moças que ficam onde bem entenderem engolindo espadas como quem engole uvas.

Acho, até mesmo, que assim como eu, já as viu por aí, atuando em algum circo ou show.

Para fazer tal proeza, é necessário muito treino, disciplina e, acima de tudo, coragem, tenho certeza.

Porque, eu juro, nunquinha teria coragem de engolir uma espada, muito menos colocar em minha boca uma tocha flamejante.

Não é possível encontrar essas meninas artistas e corajosas em qualquer lugar na cidade.

Sabemos quando estão atuando por estarem vestidas de maneira especial e terem sempre plateia à sua volta.

Agora, existe uma terceira categoria de engolidora que é possível encontrar em qualquer lugar.

Sem roupas especiais, sem espada ou fogo.

Sem plateia.

Engolem dia após dia.

Algumas vezes, com um sorriso como se fosse prazeroso.

Muitas vezes com lágrimas ocultas por sentirem raiva ou desgosto.

Engolem como se de suas atitudes dependesse a paz mundial.

Engolem como se não houvesse outra coisa a ser feita.

Engolem sapos em casa, do marido, filho, irmão.

Engolem sapos no trabalho, do chefe, colega, subordinado.

Engolem sapo dos amigos, vizinhos e parentes.

Não querem desagradar.

Querem ser aceitas.

Não querem provocar, entrar em conflitos.

E assim, pelo desejo de evitar contrariar, contrariam-se todo o tempo.

Passam a vida como se agradar e tão somente aceitar fosse sua missão na Terra.

E se, para isso, se faz necessário engolir, vão assim, pela estrada a fora, engolindo sapos, sapinhos, sapões.

Anfíbios queridos que alimentam úlceras, alergias, problemas respiratórios, pressão alta, obesidade.

Por isso, queridona, desde já, seja firme e educada, mas fale.

Fale o que pensa e pare de multiplicar essa sapaiada aí no seu bucho!

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