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ENSINO DE LITERATURA E PLÁGIO

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Descobrir novos talentos poéticos é importante, màs vezes descobrimos coisas não muito elogiáveis. A biblioteca pública de uma grande cidade catarinense promoveu, há algum tempo, um concurso de poesia entre estudantes de primeira a oitava séries. Iniciativa meritória,  incentivar a criação literária e a leitura entre leitores em formação. E até porque o certame é dirigido aos pequenos leitores e possíveis futuros produtores de texto, não seria preferível, quem sabe, chamar de concurso de poesia (no singular) ou de poemas? Porque poesia é o conteúdo e poema é a forma.

Um poema pode não conter poesia (e isso é tão comum de se encontrar!) e a poesia está contida em tudo, na prosa, num gesto, na natureza, etc., etc. Talvez fosse bom enfatizar essa diferença para crianças e adolescentes, para que soubessema diferença e pudessem entender melhor o que estão fazendo.

Mas o que me fez abordar o tema foi outra coisa. Entre os poemas vencedores encontramos pelo menos dois que são “inspirados” ou “baseados” em musicas conhecidas, uma de Vinicius de Moraes e outra cantada (?) pela Xuxa. Não sei se o grupo de poetas que selecionou os vencedores foi questionado – e acho que deveriam ser – mas a professora que coordenou o concurso justificou como sendo “paródias” as referidas “poesias”. Acho temerário um professor incentivar o plágio, justamente quem deve incentivar os alunos e ensinar a maneira mais correta possível de criar o próprio texto, de ser original.

Voltamos, então, a um assunto já discutido numa de nossas crônicas, mas muito delicado e que merece ser relembrado.Não podemos usar a obra de outrem impunemente, sem colocar o trecho que “emprestamos” entre aspas e citando o autor e a fonte. Não podemos pegar um texto ou um poema de quem quer que seja, trocar algumas palavras e assinar como sendo nosso, isso é apropriação indébita, é plágio. E plágio é crime.

Já fui jurado  de concurso de poesia e encontrei trechos de “Marília de Dirceu”, assinado por outro “autor” que não Tomás Antonio Gonzaga, poema de Neimar de Barros e até coisa minha como sendo de outrem. Mas o grupo que estava selecionando os melhores poemas descartou de imediato aqueles nos quais se reconhecia alguma coisa já pré-existente.  Espero que tenha sido um caso isolado e que não se cometa mais, onde quer que seja, este tipo de erro.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745