De acordo com o pesquisador Adilson César de Araújo, educação profissional sempre foi vista como alavanca para desenvolvimento e requer qualidade. Pesquisa do Senai e do Sesi mostrou que um a cada três empresários considera o ensino profissionalizante o ponto mais forte da educação pública brasileira
Por Janine Gaspar/ Agência Brasil 61
O ensino técnico deve permitir ao trabalhador uma formação ampla, em que o jovem compreenda a dinâmica do mundo moderno, a complexidade do processo produtivo e se aproprie das novas tecnologias. Essa é a visão do doutor em educação pela Universidade de Brasília Adilson César Araújo sobre a educação profissionalizante. “Uma formação que contribua para que esse trabalhador possa intervir de forma ativa no setor produtivo, e assim contribuir também para o seu desenvolvimento profissional — e por consequência o desenvolvimento econômico do país”, detalhou.
O especialista destaca que essa formação abrangente permite ao jovem não só entrar no mercado de trabalho, mas também permanecer nele. A qualidade deste ensino já é ressaltada pelo empresariado. Um levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi) mostra que um a cada três empresários considera o ensino profissionalizante como o ponto mais forte da educação pública brasileira. Além disso, a mesma pesquisa mostra que, para 9 em cada 10 empresários, os cursos técnicos permitem ingresso mais rápido no mercado de trabalho.
A pesquisa do Sesi/Senai ainda aponta os pontos positivos do ensino profissionalizante apresentados pelos empresários. São eles: preparar melhor para o mercado de trabalho (45%), ter cursos mais focados (28%), apresentar cursos mais práticos (22%), ter boa aceitação no mercado de trabalho (18%), ter mais conhecimento/habilidades (17%) e o apoio no começo na carreira profissional (16%). Cada entrevistado podia apontar dois itens considerados importantes.
Karla Lacerda é uma das pessoas que comprova os pontos positivos do ensino profissionalizante. Ainda durante o ensino médio ela fez curso técnico em química no Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, o Senai CETIQT — e então começou a trabalhar na indústria farmacêutica.
“Me abriu portas para que eu pudesse ser efetivada lá. Ter essa experiência do técnico também me ajudou muito no meu primeiro contato com o mercado de trabalho, porque eu fui um pouco mais madura. Então o técnico me possibilitou ser contratada, ter esse meu primeiro emprego de carteira assinada e tudo mais”, contou. Ela observou com quais matérias mais se identificava e resolveu fazer bacharelado em biomedicina. E posteriormente cursar especialização em gestão industrial farmacêutica, dando continuidade ao interesse desenvolvido no curso técnico.
Frente em Favor da Educação Profissional e Tecnológica
O Congresso Nacional trabalha para aumentar a qualidade dessa modalidade de ensino. O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) propôs a criação da Frente Parlamentar em Favor da Educação Profissional e Tecnológica, aprovada em 12 de julho pelo Senado
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) aponta que um dos motivos da alta taxa de empregabilidade observada pelos estudantes do ensino profissional é a ainda baixa procura dos jovens pelas formações técnicas. O senador contextualiza que, estando o jovem preparado com o ensino técnico, a colocação profissional é certa. E ainda compara a diferença na busca por ensino profissionalizante no Brasil e no exterior.
“Se tivermos jovens preparados, técnicos, nós evidentemente garantimos que eles possam ir para o mercado de trabalho. Hoje, no mundo todo desenvolvido, 60%, 70% em alguns países, dos jovens fazem cursos técnicos. No Brasil nós não chegamos a 10%. Portanto, faltam técnicos no mercado, então é evidente que a formação, principalmente do sistema S, que tem participado com qualidade na educação profissional, praticamente tenham mercado garantido, emprego garantido. Então, a educação profissional é fundamental”, explicou.