O Banco Central subiu os juros básicos da economia pela terceira vez consecutiva, em 0,75 ponto percentual. Especialistas explicam impactos desses números no dia a dia
Por: Alan Rios/ Agencia Brasil
O Banco Central elevou os juros básicos da economia pela terceira vez consecutiva, agora com um aumento de 0,75 ponto percentual. Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa Selic subiu de 3,5% para 4,25% ao ano. O BC ainda indica que deve seguir elevando a taxa na próxima reunião, marcada para os dias 3 e 4 de agosto.
César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon/DF), explica o que esses números dizem, na prática. “A Selic é a taxa de juros básica da economia que reajusta os títulos públicos. Se o Banco Central quer controlar a inflação, ele aumenta a taxa de juros, pois as pessoas vão procurar mais investir dinheiro do que gastar no consumo. A lógica que está por trás é essa, e os impactos são variados”, afirma.
O especialista cita exemplos de como o aumento dos juros influencia no dia a dia do brasileiro. “Melhoram os investimentos, as pessoas acabam ficando com uma remuneração melhor deles. No lado ruim, primeiro, tem a dívida pública. Com juros maiores, o governo tem que pagar mais pelos títulos e isso implica em aumento da dívida do governo, que vai pagar esse 0,75 a mais. E a tendência é que os empréstimos, o cheque especial, cartão de crédito, fiquem mais caros, assim como o capital de giro ou empréstimo para empresas”, alerta.
Em comunicado, o Copom destacou que a pressão inflacionária se revela maior que o esperado, “sobretudo entre os bens industriais”. Com esse novo aumento de juros, a Selic continua em ciclo de alta, diferente do que ocorreu nos últimos anos, em que ela não sofreu elevações. A taxa chegou a alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica da pandemia da Covid-19, o menor nível desde 1986, início da série histórica.
O tema ainda foi pauta do Entrevistado da Semana do Brasil 61.com, que recebeu Aécio Alves de Oliveira, mestre em economia, doutor em sociologia e professor do Curso de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Para Aécio, essa é uma elevação “bastante expressiva”, já que o Copom normalmente aumenta 0,25 ou 0,50 ponto percentual.
“No fundo, essa taxa é o custo dos empréstimos, o custo da dívida pública. Os economistas acreditam que, quando a inflação se acelera, é preciso aumentar essa taxa de juros para aumentar o custo do empréstimo. Quer dizer, uma taxa mais elevada contém um pouco mais os emprestadores. Então, qual é o diagnóstico? A inflação se acelerando significa que as pessoas estão consumindo mais.”
O professor de Economia da UFC lembra que, com esse aumento, os preços recebem uma pressão. “Pode aumentar o custo de vida. Se a pessoa tem algum empréstimo à base de juros reajustáveis, variáveis, vai ter repercussão no pagamento. Se ela tiver uma casa, porventura, um financiamento de imóvel, provavelmente, dependendo do formato do modelo do financiamento, pode ter implicação no aumento da prestaçãozinha”, explica.
O Copom aponta uma melhora na economia do país, apesar da persistência da inflação. São previstas ainda uma elevação de 6,25% ao ano em 2021 e 6,5% ao ano em 2022.
Fonte: Brasil 61
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