Inclusão não passa apenas por estudantes; escola precisa acolher diferenças de todos os integrantes da comunidade escolar
Por: Central Press
Não bastam salas adaptadas e intérpretes de Libras. Uma escola verdadeiramente inclusiva precisa estar preparada para acolher as muitas diferentes características típicas de seres humanos. E, quando se trata de inclusão, os professores com deficiência também precisam ser respeitados. Afinal, com uma maior conscientização sobre a necessidade de trazer para dentro da escola a temática da inclusão, um número cada vez maior de pessoas com deficiência estão finalmente tendo acesso ao ensino superior e retornando à sala de aula como mestres.
A jornalista e ativista dos direitos das pessoas com deficiência Mariana Rosa é, ela mesmo, uma mulher com deficiência. Em entrevista ao podcast PodAprender, da Editora Aprende Brasil, ela afirma que é preciso “estar atentos a todos os grupos minoritários que estão sendo socialmente excluídos. Esse é um tema ao qual temos que prestar atenção, se queremos exercer a cidadania e viver em um mundo com igualdade de direitos”. No entanto, não se trata apenas de permitir que essas minorias participem da vida em sociedade. Incluir é, também, compreender que todas as pessoas – e não apenas as que têm deficiência – são diferentes umas das outras.
“Os estudantes com deficiência são um grupo que tem determinadas características, mas que não podem ser apreendidos a partir dessa característica específica que é a deficiência. A diferença é o que faz com que cada um de nós seja único no mundo, irrepetível”, destaca. Olhar para essa minoria como uma minoria que se resume a essa característica é, em si mesma, uma atitude de preconceito. “Quando achamos que inclusão é pensar só no estudante com deficiência é porque elegemos algumas características para dizer que elas desviam da norma. Então é como se a gente dissesse que esse grupo é o diferente, o que não é verdade, porque a diferença nos compõe a todos e não é possível estabelecer qualquer tipo de hierarquia ou agrupamento a partir desse critério arbitrário.”
Mudança de paradigma
Mais que acolher estudantes com deficiência, portanto, a escola precisa se transformar. “Ao falar em inclusão estamos dizendo que a escola tem que mudar a maneira de dar aula, seu projeto político-pedagógico, seu espaço, suas relações”, defende Mariana. Para ela, somente uma escola capaz de se reinventar poderá oferecer um ambiente inclusivo para alunos e também professores com deficiência.
Cada vez mais presentes nas escolas, esses educadores são reflexo de uma mudança da sociedade como um todo, lembra a ativista. Há poucos anos essa presença não era possível porque boa parte das pessoas com deficiência não acessava as escolas comuns. “Isso mudou muito fortemente de 2006 ou 2008 para cá. Hoje, mais de 95% dos estudantes com deficiência estão em salas de aula comuns. Isso significa que mais deles chegarão às universidades e, uma vez lá, ocuparão todos os espaços”, explica. E, de acordo com ela, essa é uma tendência civilizatória que, uma vez iniciada, alimenta a si mesma, porque professores com deficiência contribuem para que a escola tenha uma perspectiva anticapacitista e, assim, o currículo e as construções escolares podem se tornar ainda mais inclusivos com o passar do tempo.
Mariana Rosa é a convidada do episódio 41 do podcast PodAprender, produzido pela Editora Aprende Brasil, cujo tema é “Sua escola está preparada para incluir professores com deficiência?”. Todos os episódios do PodAprender estão disponíveis gratuitamente no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br), nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.