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Escolha e Consequência

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E, num belo dia o cara que luta há anos contra uma doença sem cura toma a decisão de não mais viver.

Desiste.

Os médicos falaram, de maneira categórica, que não adianta tentar mais nada, sua situação só vai piorar.

O fim é inevitável.

Sua fé também acabou.

Ao longo dos anos ela foi diminuindo, diminuindo e, hoje, simplesmente não existe mais.

No começo, ele acreditara que um milagre poderia acontecer.

Mas isso foi no começo de tudo.

Agora, não mais.

A única coisa que Ele quer é adiantar o processo, agilizar o que inevitavelmente um dia irá acontecer.

O difícil vai ser contar aos outros a decisão que tomou.

Do jeito que se encontra agora, precisa de ajuda até mesmo para isso.

Enquanto isso, do outro lado do planeta…

Ela vive feliz, contente, radiante e sorridente.

Todos pensam que é a mais mais das mulheres.

Ninguém imagina o que por dentro se passa.

Quem a cerca não faz ideia do encontro e atropelo dos sentimentos, das lembranças, culpa, ressentimento.

A dificuldade que é levantar a cada manhã.

As lágrimas que insistem em aparecer.

Os disfarces, histórias, isolamento voluntário.

A graça desaparecera de tudo.

O sol já não brilha mais, as flores perderam seu encanto, dos pássaros só se ouve o grunhido, nada de canto.

Enquanto tenta disfarçar, continua vivendo.

Mas cansa.

E, num belo dia, toma a decisão de não mais viver.

Não aguenta mais.

Desiste de lutar, de ter fé.

Desiste de acreditar.

Depois de muito procurar e conversar, Ele encontra alguém que concorda em ajudá-lo a colocar o ponto final.

Escreve uma carta assumindo toda a culpa e responsabilidade.

Os meios são dispostos para que aquele que se dispôs ajudá-lo não seja incriminado e faça da sua própria vida um martírio.

No dia programado, sozinho e a seu modo Ele dorme.

Já Ela, consegue se levantar mais um dia e, decidida, sai para tomar as providências e colocar em prática sua decisão.

No caminho vê tudo o que sempre lhe pareceu comum, insignificante, mas ao virar uma esquina se depara com um único detalhe que nunca antes ali estivera.

Tenta ignorar.

Não consegue.

Encanta-se.

Resolve continuar.

Procura ajuda dos amigos.

Procura ajuda profissional.

Tratamento.

Remédio.

Terapia.

Começa a acordar com mais facilidade.

Começa a sair da cama mais facilmente.

Começa a viver da maneira que as pessoas pensavam que ela vivia.

Uma semana após Ele dormir, seu telefone toca.

Ele fora selecionado para participar de um tratamento experimental.

Faz-se necessário um substituto.

A pessoa que entra em seu lugar está com a vida normal um ano após a data que Ele resolveu dormir.

Ela está completamente realizada e feliz um ano após a data que resolveu procurar ajuda.

Escolhas.

Consequências.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744