Professores do Centro Universitário de João Pessoa orientam sobre a importância de criar novos hábitos e de se reinventar durante o isolamento social
Por XCOM Agência de Comunicação Unipê
Estamos vivendo um momento atípico, no qual o mundo está enfrentando uma pandemia. Meses atrás, não se imaginava que sociedades com grande capacidade organizativa enfrentariam uma situação parecida. Devido ao novo Coronavírus, as pessoas passaram a lidar com a incerteza e com o isolamento social, que podem acentuar os índices de transtorno de ansiedade, caracterizado por sentimentos de preocupação e medo.
A sociedade pós-moderna desaprendeu a ficar em casa, pois construiu uma rotina intensa e com multitarefas, tanto para crianças quanto para adultos. Ficar parado em casa é sinônimo de perda de tempo e esse pensamento pode desenvolver o estresse, insônia e diversos transtornos psicológicos.
Segundo Ana Sandra Fernandes, professora de Psicologia do Centro Universitário de João Pessoa – Unipê, é importante não focar no adoecimento mental neste momento, mas usar o isolamento para ficar mais próximo de pessoas amadas, dentro do lar ou a distância, com ligações ou aplicativos de conversa. “Devido à quarentena, o mundo foi obrigado a desacelerar e nós podemos aproveitar este momento para nos reinventar, valorizar as coisas simples, descobrir novas possibilidades e criar novos hábitos”, apresenta.
Embora haja a possibilidade de sofrer de ansiedade, a professora reflete que praticar a empatia pode contribuir positivamente. “É um fenômeno absolutamente humano: essa capacidade que temos de nos colocar no lugar do outro, de imaginar seu sofrimento através desse movimento de deslocamento de sentimento da afetividade do outro”, explica. “Precisamos reacender e resgatar o fato de sermos humanos, empáticos e solidários”, complementa.
Outras dicas são: dançar, fazer exercícios físicos, meditar, ler e escrever, assistir filmes e séries, organizar as roupas e fazer sozinho atividades que gosta. “Aproveita esse momento para entrar em contato consigo mesmo, para se perceber, para se olhar, para fazer uma reflexão, inclusive da própria vida”, argumenta Ana Sandra.
Além dessas, existem outras condutas que podem reduzir os transtornos de ansiedade em tempo de isolamento. Segundo o Psiquiatra José Brasileiro Dourado Júnior, professor do curso de Medicina do Unipê, “elaborar rotinas dentro de casa e manter atividades de home office são possibilidades”, afirma.
Para ele, um outro ponto de atenção é em relação aos noticiários. O especialista diz que é importante manter-se informado, desde que isso não esteja promovendo um quadro de ansiedade. Para isso, é preciso “evitar ler notícias a todo momento sobre o coronavírus e procurar outras notícias que não estejam ligados à pandemia, além de saber filtrar as fake news, que têm sido um grande problema”.
Dr. José lembra que o isolamento pode trazer quadros de transtornos de estresse pós-traumático, depressão, transtorno de ansiedade generalizada e, em casos mais graves, até quadros delirantes. Isso porque o isolamento pode causar sentimentos de angústia e ansiedade que comprometem a vida das pessoas. Se for necessário, é preciso procurar uma intervenção profissional, tanto psicológica quanto psiquiátrica.
“As entidades representativas das categorias têm se esforçado para elaborar planos de contingência das angústias dando suporte tanto aos profissionais que estão trabalhando em linha de frente quanto para quem tem desenvolvido algum transtorno decorrente da pandemia”, ressalta Dr. José.
O psiquiatra ressalta que os indivíduos que já apresentavam ansiedade ou depressão precisam manter as medicações propostas pelo profissional que o acompanha e evitar fatores que podem causar estresse. Já professora Sandra sugere buscar atendimentos on-line como uma alternativa de não interromper o tratamento, ou até iniciá-lo, desde que seja com profissionais habilitados.
“Importante destacar que as pessoas que não estão na linha de frente contra o coronavírus precisam permanecer em casa e manifestar a solidariedade a todas as pessoas que se mantêm trabalhando por serem de caráter essencial para o funcionamento social, sendo eles profissionais de saúde, da segurança pública, da limpeza urbana, entre outros”, conclui Dr. José.