De acordo com infectologistas, é inevitável uma explosão da dengue a partir de fevereiro de 2023. Já em relação à covid, apesar dos altos índices de vacinação, é preciso reforçar os cuidados de proteção
Especialistas apontam um cenário preocupante em relação ao controle da dengue no Brasil em 2023, inclusive com a projeção de grande expansão dos casos da doença a partir de fevereiro. Essa perspectiva técnica se justifica, sobretudo, por conta do grande volume de chuvas acontece no Brasil quase inteiro neste fim de ano. Seguidas de sol, as chuvas frequentes aumentam ainda mais as chances de acumulação de possíveis reservatórios do mosquito aedes aegypti, o principal transmissor da moléstia. Isso provocaria, inclusive, aumento da taxa de mortes, entre os infectados.
“Temos que prestar muita atenção neste cenário, porque a gente corre sério risco de uma doença sem controle”, lamenta o médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia do estado de Goiás, Marcelo Daher.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de casos de dengue no Brasil subiu quase 185% entre janeiro e o início do mês de outubro deste ano de 2022, se comparado ao mesmo período de 2021. Ainda de acordo com o órgão, a região Centro-Oeste é recordista de diagnósticos, com quase dois mil casos por 100 mil habitantes, sendo o estado de Goiás o que apresenta os maiores índices em comparação aos dois anos, saltando de 39.167 em 2021 para quase 145 mil registros em 2022..
Na sequência, vêm as regiões Sul e Sudeste, com históricos, respectivamente, de 1.038 casos por 100 mil habitantes e 504 casos por 100 mil habitantes. Outro membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antonio Carlos Bandeira, que é da Bahia, explica que a existência de um corredor de contaminação formado entre o Centro-Oeste e o Sul do país, motivado por questões climáticas, tem facilitado a expansão cada vez maior em municípios nunca antes ocorridos.
“Tem sido muito intenso, expandindo o número de casos nas regiões Sudeste e Sul e também um quantitativo de casos muito altos nessas regiões”, explica o infectologista. “Tem a ver muito com as mudanças climáticas”, observa Bandeira.
De olho na Covid
Se os mosquitos do aedes aegypti avançam, também o vírus da Covid-19 preocupa autoridades de saúde do mundo inteiro, Com a proliferação recente de novos casos da doença na China, onde surgiram os primeiros casos da pandemia. No Brasil, novas ondas de Covid-19 registraram um aumento significativo no número de casos da doença causada pelo coronavírus.
Dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass, divulgados no mês de novembro, por exemplo, mostram que o país mantém uma média móvel alarmante de 22 mil casos diários. O índice, que avalia a média de casos dos últimos sete dias e permite o dimensionamento do cenário epidemiológico, é um dos maiores registrados desde agosto.
Ao enfatizar que o vírus da Covid-19 é bem variável, com enorme capacidade de mutação e fuga dos anticorpos , dificultando, assim, o controle da doença, o médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia Marcelo Daher, analisa o quadro com preocupação.
“Estamos longe de ter um controle da Covid. O que a gente percebe hoje no Brasil é um cenário de altas transmissões, mas sem maiores gravidades dos casos, neste momento são formas mais leves da doença, principalmente no mundo ocidental, no meio em que a gente vive, tendo vista as altas taxas de vacinação”, destaca. “O que a gente vê na China hoje reforça ainda mais a importância da vacinação”, pondera
O médico destaca que, por conta das festas de fim de ano e constantes viagens, o risco de contaminação ainda é maior nesse período. Recomend,a assim, a necessidade de adoção das medidas de proteção sobre os riscos de contágio, sem que se descarte o uso de máscara.