Ser importante. Que desejo! Que desafio! Quantas vezes nos flagramos imersos na cobiça por um lugar ao sol? Quanto cada um é capaz de lutar para ser maior do que realmente é? Questões delicadas. E mais: quantas vezes nos perguntamos por que determinadas pessoas “fora do esquadro” alcançam – ainda que momentaneamente – os píncaros, enquanto tantos outros talentos – muitas vezes até em demasia – são ignorados de forma retumbante?
Por longo tempo, essas questões foram taxadas de medíocres, rancorosas, coisas de gente invejosa. Pois bem, em plena era digital, onde a importância de cada pessoa, pensamento ou momento são medidos por números de cliques no botão “Curtir” e que a filosofia não precisa – nem pode! – ultrapassar os 140 caracteres para se tornar um “#Meme”, a discussão sobre o tal “lugar ao sol” de cada um tornou-se algo patente na sociedade. O acesso aos “15 minutos de fama” foi definitivamente democratizado. Por óbvio, questionamentos outrora considerados imorais e indignos, são hoje uma constante nas fórmulas do sucesso. Sim, elas existem e não acredite em quem diz o contrário!
Eis que me pergunto: mas será que realmente preciso ser tão importante? A resposta é simples: claro que sim! A grande questão é: para quem? Outro dia, no comercial de um empreendimento imobiliário, um pai disse que a filha estava no Canadá. Imediatamente, “#Luiza” se tornou um “#Meme” e passou a ser importante, ganhando amplo destaque até nos principais veículos de comunicação do país. “15 minutos” depois, desapareceu. E “#Luiza” voltou a ser uma das mais belas composições – essa sim, de fato importante – do maestro Tom Jobim. Portanto, se é para ser importante, que seja por um caminho sedimentado e com pilares firmes de sustentação.
Nesse sentido, cabe aqui outro extraordinário exemplo de importância cravada e lapidada. O Oscar 2012 de Melhor Atriz – o maior prêmio da indústria cinematográfica mundial – foi entregue, pela terceira vez, à monumental Meryl Streep, por sua belíssima atuação como a primeira-ministra Margaret Thatcher no filme “A Dama de Ferro”. Há uma unanimidade quanto ao talento de Meryl, que chega a ser considerada a melhor atriz de todos os tempos. São 37 anos de carreira, incontáveis interpretações marcantes e 17 indicações à cobiçada estatueta dourada.
Ao contrário das “famosas comuns”, o discurso de vitória de Meryl Streep foi brilhante. E não precisou de horas ao microfone para dizer o essencial. A atriz falou por apenas um minuto e meio, onde elencou suas reais importâncias: a compreensão e o companheirismo do marido, Don Gummer; e todos os colegas e amigos, os velhos e os novos, que a acompanham e fortalecem profissionalmente. E concluiu, emocionada, que o mais importante – e o que a faz importante – são as amizades, os amores e as escolhas dignas e corretas ao longo da carreira. Não por acaso, Meryl Streep é tão respeitada e estimada. Para a história do cinema, ela já é eterna.
Sucesso, fama, dinheiro, poder e todas essas abstrações efêmeras têm importância zero para quem – “à vera”! – importa. No fim, quem tem dom, o descobrirá ao longo da vida; quem tem o verdadeiro talento, lutará para lapidá-lo; quem trabalhar com afinco, dignidade, determinação e foco, atingirá suas metas; e quem está cercado de boas pessoas – aquelas que, de fato, valem a pena – jamais será esquecido. Portanto, descubra seus dons, lapide seus talentos, tenha fé, seja digno e responsável e cerque-se de quem ama. A receita da eternidade não é linear, mas os ingredientes principais serão sempre os mesmos, ainda que os tempos mudem.
Daí vem a conclusão: eu não tenho que ser importante! Importantes são aqueles que estão – ou estiveram – comigo ao longo do caminho, através da jornada. O grande desafio da vida é, na verdade, conquistar, manter e consagrar esses seres maravilhosos. Eles, sim, merecem a importância. A eles devemos os píncaros da gratidão e pra eles é que devemos ser eternos. Pois eles já o são em nossa existência. O resto passa… feito uva.