A trajetória da auxiliar administrativa Andréia Queiroz, 27 anos, pode ser considerada bem sucedida se comparada com as histórias de outras pessoas com deficiência que buscam espaço no mercado de trabalho. A deficiência intelectual leve não foi um empecilho para que ela conseguisse a primeira oportunidade de emprego aos 18 anos, graças à capacitação profissional que recebeu em uma instituição filantrópica.
Há quase um ano, Andréia trabalha em uma empresa do ramo alimentício e já planeja ingressar no curso superior de Nutrição, para ascender profissionalmente. De acordo com ela, a expectativa é que mais PcDs tenham oportunidades profissionais como as que conquistou. “As empresas precisam mudar essa forma preconceituosa de olhar pra gente. Quando surge uma oportunidade, mostramos o nosso potencial”, destacou.
Para que experiências como essa não sejam apenas exceções, a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), por meio da Agenda Bahia do Trabalho Decente, realizou nesta quarta-feira (26), o I Workshop Boas Práticas para Empresas sobre Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mundo do Trabalho. O evento reuniu representantes de 120 empresas no Instituto Anísio Teixeira, em Salvador, para discutir estratégias de inserção, permanência e ascensão das PcDs no mercado profissional.
“Mesmo com a lei de cotas, que estabelece que empresas com mais de 100 empregados devem destinar de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência, a participação dessa parcela da população no mercado ainda é tímida. Por isso, estamos propondo o diálogo com os empregadores, não para debater filantropia, mas para que esse direito seja cumprido e a diversidade seja de fato incorporada ao ambiente laboral”, destacou a titular da Setre, Olívia Santana, na abertura do encontro.
Programação
Ao longo do dia, o workshop contou com palestras, estandes e fóruns temáticos para capacitar e mobilizar os atores sociais envolvidos no processo efetivo de inclusão.
O coordenador de Intermediação para o Trabalho e Seguro-Desemprego da Setre, Hildásio Pitanga, foi um dos participantes do talk show sobre as lacunas e as soluções para inclusão profissional de PcDs. Na oportunidade, apresentou dados do SineBahia Capaz, unidade responsável pela intermediação de vagas para pessoas com deficiência, que funciona no Shopping Barra. Além dos números de 2016, ele abordou os desafios existentes para maior aproveitamento das vagas.
A troca de experiências bem sucedidas de inclusão também marcou o workshop. Entre os destaques, o trabalho desenvolvido pela CCR Metrô Bahia, que atualmente emprega 37 pessoas com deficiência. “A gente começou o processo de inclusão em 2015 e, desde então, a empresa vem aprendendo gradativamente a trabalhar com essa questão. Hoje, nós temos PcDs em 20 áreas diferentes: gestor, coordenador de engenharia, motorista, entre outros”, explicou o analista de Gestão de Pessoas da empresa, Luis Carlos Gonçalves.
O encontro contou ainda com a apresentação de um panorama da presença dos PcDs no ambiente laboral, realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT); um debate sobre a qualificação profissional para essa parcela da população, com representantes da Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (SRT/BA) e da Associação Brasileira de Recursos Humanos no estado (ABRH-BA), além da entrega de documentação e notificações atualizadas para as empresas.