Retomada econômica pós-pandemia, Auxílio Brasil e diminuição dos impostos contribuíram para o otimismo, diz economista Rodrigo Leite
O mercado financeiro continua revisando para cima o crescimento econômico do Brasil em 2022. O Relatório Focus divulgado pelo Banco Central aponta que a expectativa em torno do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano aumentou de 2,77% para 2,8%.
A previsão dos analistas de mercado para o PIB deste ano já supera as expectativas do próprio governo federal. No início do mês, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE-ME) afirmou que espera um crescimento econômico de 2,7%.
O primeiro Relatório Focus do ano trazia o tom de pessimismo do mercado quanto ao resultado do PIB. Em janeiro, previa-se alta contida da atividade econômica: apenas 0,28%. O economista Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), credita o otimismo em torno do crescimento econômico a três fatores.
“Em primeiro lugar, houve uma retomada pós-covid, que já era esperada. Segundo ponto é o aumento do Auxílio Brasil, porque, com isso, você tem mais dinheiro e as pessoas comprando e, em terceiro lugar, como houve redução do ICMS dos combustíveis, isso otimizou custos da energia, o que acaba afetando toda a cadeia e acabou com que a economia crescesse mais no curto prazo”, explica.
Continuidade
Segundo o deputado federal Alexis Fonteyne (Novo-SP), presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, o país só vai crescer de forma constante, evitando os chamados “voos de galinha”, se as reformas estruturais aprovadas nos últimos anos forem mantidas. É isso o que passa segurança para os investidores, segundo ele.
“Já que estamos numa onda boa, com inflação baixa, emprego aumentando, investimentos entrando e tudo o mais, basta o governo dar segurança jurídica. Não sinalizar que ‘ah, nós vamos reverter o marco do saneamento, acabar com as concessões’ e começar a botar terror e insegurança, porque o investidor quer regras claras, botar dinheiro e ter retorno. O governo, se não atrapalhar, não botar medo, já tem esse bônus”, acredita.
Ao menos por enquanto, o mercado está contido quanto ao crescimento da economia brasileira para o ano que vem. A projeção do Focus é de que o PIB do país avance 0,7%. Já a SPE revisou a expectativa de crescimento de 2,5% para 2,1%.
A secretaria atribui isso à piora no cenário econômico externo, com aumento das taxas de juros internacionais e redução das expectativas de crescimento de economias desenvolvidas e emergentes.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia global deve desacelerar em 2023. O FMI projeta alta de 2,7% do PIB mundial, ante os 3,2% previstos para este ano.