Maio, 13, quinta-feira. Treze meses da morte do meu irmão. Parece que foi ontem.
Parece!
Retorno com a minha crônica mensal, desde a de abri/2020, e continuarei a escrevê-la enquanto os dedos aguentarem batucar no teclado para fazer o costumeiro registro da sua ausência.
Durante esse tempo pesaroso, a pandemia grassou por toda parte, ceifando vidas e causando o sofrimentos de outros tantos que se safaram da morte, mas restaram carregando, ainda, as mazelas do mal.
Como se não bastasse a tormenta das variantes, que se espalham e atemorizam mais ainda, em que pese a chegada da vacina, que, infelizmente, tem alimentado as discórdias pelas hostes do poder constituído, numa atitude inconcebível, de quem se arrogou a Presidente, sufragado por milhões de brasileiros, que se apegaram na esperança de um Brasil melhor. Triste engano!
Quando isso acontecerá? É a pergunta recorrente, que vem à tona sob a conjectura de cada pleito eleitoral, nesta nave na qual continuam embarcados os mesmos personagens, de longas eras, digladiando entre si, para jamais perderem as benesses e lucros das falcatruas que garantem as suas permanências, “ad perpetuam rei memoriam”, deixando à mercê da sorte os que superlotam as galerias da miserabilidade, “abençoada por Deus, neste país tropical”.
Assim, sob o cansaço dessa vigília pela vida, à qual nos submetemos, mas sem as devidas garantias de que estamos livres desse “mal du siècle”, vamos suportando os paliativos, as incoerências coletivas, às incongruências oficiais, à expectativa da vacina em massa, para vislumbrarmos a modernidade, incidindo, radicalmente, sobre essa realidade que se anuncia pós-pandemia.
Nada será igual!
No bojo dessas incomensuráveis mudanças, a considerar-se todos os acontecimentos que vieram desde as mais remotas eras, no conjuntos de todas as religiões, seitas, filosofias, ideologias e revoluções, visando a um mundo melhor e mais humano, do ponto de vista da solidariedade universal, da igualdade entre os povos, nada aconteceu, pelo contrário, prevaleceram os ditames do egoísmo e da violência, em suas diversas facetas, sobretudo com base no exercido discricionário, absoluto e contínuo do “poder do mais forte”, em defesa dos seus próprios direitos e à ordem de todos os sistemas políticos e sociais, que se desenvolveram ilusoriamente
Tantas foram as pestes, pandemias, pragas, guerras, vividas e suportadas, sob os clamores públicos, talvez, muitas delas, com efeitos mais devastadores do que a que se consuma, no momento, e também deram vazão ao sentimento da imorredoura esperança, como agora vemos, de que tudo passe e que a vida retorne ao belll-prazer da sobrevivência, irrigada pelo amor fraternal, pela paz, pelo progresso universal da humanidade, em um “novíssimo mundo”, de fazer inveja a Aldous Huxley, em sua magnifica obra de 1932, com essas visões.
Esperemos, pois, para que o meu pessimismo não aumente o torpor do que ora passamos.
Pois bem, meu irmão: bem sei se aqui estivesse, poderíamos trocar algumas ideias sobre tudo isso, escondidos de alguma forma, e lutando para não padecermos, ficando à refém desse cruel Virus, do qual você se livrou em boa hora.
Com a saudade de sempre.
Do velho mano,
Zewalter.