O dia amanheceu lindo e quente, propício para ir à praia.
Aliás, era necessário ganhar o mundo, seria um crime ficar em casa.
Começou a se arrumar e pensar quem poderia acompanhá-la.
Começou a passar algumas mensagens para possíveis boas companhias:
“Oi, vamos à praia?”
Recebeu negativas na mesma quantidade de convites que fez.
Todos estavam extremamente ocupados para curtir o dia de sol.
Ela ficou sem entender, em seu coraçãozinho, não havia nada que justificasse ficar em casa naquele dia.
Mas precisava de companhia.
Onde já se viu ir à praia sozinha?
Parada no meio da sala, celular na mão, mochila nas costas, precisava apenas da confirmação de alguém para ganhar a rua.
Queria muito ir, mas não queria, de jeito nenhum, ir sozinha.
Recebeu a última negativa.
Justo daquela que Ela tinha fé de que seria sua companhia.
Jogou-se no sofá.
Já estava quase desistindo da sua ideia quando um passarinho passou por sua janela cantando em uma empolgação de dar gosto.
Ele voava sozinho.
“Moço, estou fazendo papel de tonta.”
Deixou o celular em cima da mesa e ganhou a rua.
Foi andando empolgada, falando com todo mundo que aparecia, dando bom dia até para as flores.
Parou em uma padaria, tomou um café delicioso e desembarcou sua mochilinha à beira mar.
Sozinha.
Feliz da vida.
Ficou ali o quanto quis.
Mergulhou, nadou, pulou ondinha, tomou sol, conversou com desconhecidos, afagou cachorrinhos.
Quando o sol de amigo começou a tornar-se esquentadinho, ajuntou suas coisas e foi embora.
Misteriosamente encontrou seu celular cheio de mensagens:
“A qual praia você foi?”
“Onde foi parar mocinha, não quer mais companhia?”
“Por que não me esperou?”
“Sumiu de vez, foi?”
Ela sorriu e foi tirar a areia do dia feliz: estava vivendo em seu próprio tempo, sem amarras com aqueles que a rodeavam. Como passarinho, conseguia voar e cantar sozinha, feliz da vida.
Vivi Antunes é ajuntadora de letrinhas e assim o faz às segundas, quartas e sextas no www.viviantunes.com.br