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Fligê: Eduardo Ledo afirma que a literatura não é antídoto contra o fascismo

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Engana-se quem pensa que o fascismo e a intolerância são produzidos apenas por ignorantes e sem cultura, pois eles germinam e florescem cultuados como alta literatura, segundo defendeu  o médico e escritor Eduardo Ledo, em sua abordagem no Encontro “Leitura, vida e liberdade”, neste domingo (14), no Centro Cultural Mucugê, último dia da 1ª Feira Literária de Mucugê (Fligê). A sua intervenção teve como mediadora a presidente do Conselho Estadual de Educação, Anatércia Lopes.

Médico psiquiatra e autor de “Diálogos do Impossível” (Editora Atualiza), Eduardo Ledo observou que, embora o senso comum associe a intolerância e o fascismo a vulgaridade e à ignorância, na Alemanha de Hitler o autor Johann Wolfgang von Goethe e  o poeta e filósofo  Friedrich Schiller eram recitados e amados pelos germânicos da escola primária. Também os compositores eruditos Mozart, Beethoven e Haydn eram tão populares na Alemanha dos anos 30 quanto os pop-stars do presente. Porém o nível cultural desse povo não foi capaz de impedir o nazismo e todo o mal que ele produziu.

Ledo provocou o debate com o seleto público formado por professores universitários, escritores, poetas, pensadores, intelectuais e estudantes que participaram da sua abordagem. Sobretudo quando citou exemplos de intelectuais importantes que se afinaram com a ideologia da barbárie, dentre os quais  um dos maiores poetas da língua inglesa, Ezra Pound, autor da celebre frase “os poetas são as antenas da raça”,  que foi para a Itália e se filiou ao partido fascista, quando  fez emissões radiofônicas para a América exaltando o regime.

O debate se voltou para os tempos atuais e tanto os convidados da mesa quanto  os participantes que se pronunciaram concluíram que vivemos um ciclo de retorno a ideologias fascistas. No Brasil, com o fenômeno das redes sociais na internet, a intolerância ganhou corpo: “Nos assusta o ódio mais visceral que se explicita”, enfatizou Ledo.

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