Médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, que também exercem a docência nas universidades estaduais, estão entre os profissionais de saúde na linha de frente de combate ao novo coronavírus.
Por Mariana Lacerda/ Ascom Uesb
Muitos dos profissionais que estão atuando no enfrentamento à Covid-19 na Bahia conciliam a rotina da área de saúde com a educação. Médicos, enfermeiros e fisioterapeutas que antes se dividiam entre o dia a dia das unidades hospitalares e as universidades, agora, com as atividades acadêmicas presenciais suspensas, buscam alternativas para contribuir para a formação dos seus alunos.
São professores que não abandonam a paixão pela docência, mesmo em meio aos desafios impostos pela pandemia aos profissionais de saúde. A jornada dupla se tornou ainda mais complexa e possibilita que as perspectivas sejam diversas. “Como médico, vejo de perto a luta dos profissionais de saúde e gestores no enfrentamento a essa situação. Enxergo as dificuldades concretas das pessoas, principalmente dos mais pobres em fazer isolamento social e sobreviver a este período”, conta Paulo José Barbosa, professor do Colegiado de Medicina da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Já a sua experiência acadêmica, e de outros colegas da Universidade, resultou no Projeto “Uneb contra o coronavírus”, que, entre os seus desdobramentos, está a participação na coordenação clínica da primeira unidade do Abrigo de Campanha implantada pelo Governo do Estado, em Salvador. “Nesse projeto, atuo junto com outros professores e estudantes do internato de Medicina prestando acompanhamento clínico a pessoas em situação de vulnerabilidade social portadoras de Covid-19”, explica o médico e professor.
Uma prática que vai enriquecer a teoria para gerações futuras. Segundo ele, a pretensão é de que as múltiplas experiências do “Uneb contra o coronavírus” se tornem publicações com o testemunho do esforço coletivo da universidade pública. “Em todas as nossas ações incluímos os acadêmicos como monitores, bolsistas e voluntários. Integramos pessoas de todos os cursos de saúde, residência multiprofissional e até professores e alunos de outros departamentos”, destaca.
A força do conhecimento científico
“Não há como enfrentar um problema de tamanha proporção sem preparo adequado”. A preocupação do professor do curso de Medicina da Uesb, Emilson Vilarino, reflete a realidade e os anseios de toda a população mundial, diante de um inimigo invisível pouco conhecido. “Nesse caso, o preparo é muito estudo”, complementa o médico que também atua no Hospital Prado Valadares, em Jequié. “Por se tratar de uma doença nova, muita informação surge diariamente. Temos que estudar como dar as melhores orientações e, para fazer bem feito, é necessário manter uma rotina de atualização”, reflete.
Posteriormente, erros e acertos serão levados para sala de aula. “Poderemos mostrar aos alunos e debater quais foram as questões fundamentais no controle da doença. Como eles deverão se portar quando se tornarem agentes, promotores de saúde”, planeja o professor.
Assim, enquanto na pesquisa, cientistas trabalham incansavelmente nas investigações por uma vacina contra a Covid-19 ou por uma nova droga capaz de combater o vírus, os atores da graduação e extensão encaram os desafios apresentados pela pandemia mobilizando o corpo acadêmico e procurando minimizar os seus impactos. “Creio que todo esforço é válido”, lembra o professor Paulo José ao reforçar que a universidade pública tem atendido ao chamado do Sistema Único de Saúde. “A Covid-19 é uma ameaça real e, provavelmente teremos que conviver com ela por algum tempo”, alerta o médico.